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Alterações do clima devem causar mais de 2,3 milhões de mortes na Europa até 2099

Pesquisadores afirmam que 70% destas mortes podem ser evitadas se forem tomadas medidas rápidas

Publicado: 27/01/2025 às 13:34

/Foto: Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

/Foto: Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um novo estudo liderado por investigadores do Laboratório de Modelagem Ambiental e Saúde (EHM) da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e publicado na revista Nature Medicine revelou que as alterações climáticas poderão resultar diretamente em mais de 2,3 milhões de mortes relacionadas com a temperatura.
 
Os pesquisadores apontam que 854 cidades europeias até 2099 serão muito afetadas se as emissões de carbono não forem reduzidas. “Este estudo fornece evidências convincentes de que as alterações climáticas causarão um aumento acentuado das mortes por calor extremo, superando substancialmente qualquer diminuição das mortes relacionadas com o frio em toda a Europa. Estes resultados desmascaram as teorias propostas de efeitos 'benéficos' das alterações climáticas, muitas vezes propostas em oposição a políticas vitais de mitigação que devem ser implementadas o mais rápido possível”, disse o professor Antonio Gasparrini, um dos autores do estudo do EHM-Lab na LSHTM.
 
No entanto, os investigadores afirmam que 70% destas mortes podem ser evitadas se forem tomadas medidas rápidas.
 
As dez cidades mais atingidas 
 
Segundo o estudo, Barcelona terá o maior número de mortos relacionados com a temperatura até o final do século, com 246.082. Seguem-se duas cidades italianas: Roma com uma projeção de 147.738 mortes e Nápoles com 147.248. Em quarto lugar do ranking está outra cidade espanhola Madrid (129.716) e depois em quinto mais uma cidade italiana, Milão (110,131).
 
Atenas tem uma projeção de 87.523 mortes, seguida de Valência (67.519), Marselha (51,306), Bucareste (47.468) e Gênova (36.338).
 
Os investigadores também explicam que devido às suas grandes populações, o maior número de mortes relacionadas com a temperatura é projetado nas cidades mediterrânicas mais populosas. Mas mesmo assim, muitas cidades menores de Malta, Espanha e Itália também provavelmente serão gravemente afetadas. Longe do Mediterrâneo é esperado que os impactos sejam menos graves. 
 
A Europa está se aquecendo mais rápido do que qualquer outro continente e os dados climáticos atuais mostram que as temperaturas sobem o dobro da taxa média global.  “As mortes relacionadas com o calor são apenas uma medida dos impactos na saúde do aumento das temperaturas. O calor extremo mata, mas também causa uma ampla gama de problemas de saúde graves. Têm sido associados a um aumento do risco de doenças cardiovasculares, abortos espontâneos e problemas de saúde mental”, indica Madeleine Thomson, chefe de impactos climáticos e adaptação da fundação global Wellcome.
 
Thomson acrescenta que não estamos devidamente preparados para os efeitos que isso terá na nossa saúde. As cidades precisam de se adaptar rapidamente para começarem a lidar com a elevação das temperaturas. Mudanças como a adição de espaços verdes ou vias navegáveis podem ajudar a resfriar ambientes urbanos onde o calor fica preso por edifícios e grandes quantidades de asfalto ou cimento.
 
Porém, somente a adaptação não é suficiente. O estudo sugere que mesmo que fossem feitos enormes esforços para adaptar as cidades às mudanças de temperatura, isso não seria suficiente para equilibrar o aumento dos riscos para a saúde por causa da exposição ao calor, especialmente nas áreas mais vulneráveis como a região do Mediterrâneo, a Europa Central e os Bálcãs.
 
“Os nossos resultados ressaltam a necessidade urgente de perseguir agressivamente tanto a mitigação das alterações climáticas como a adaptação ao aumento do calor. Isto é especialmente crítico na zona do Mediterrâneo onde, se nada for feito, as consequências podem ser terríveis”, acrescenta Pierre Masselot, autor principal do EHM-Lab no LSHTM.
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