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GUERRA
Turquia denuncia Israel por ação para expandir suas fronteiras
No domingo, Tel Aviv aprovou o plano para ampliar a população nos montes Golã, uma região síria anexada por Israel desde 1967
Publicado: 16/12/2024 às 12:50

/Foto: Imad Alassiry/Unsplash
Nesta segunda-feira (16), o governo turco acusou Israel de querer expandir as suas fronteiras com seus planos para aumentar a população residente nos Montes Golã anexados.
"Condenamos veementemente a decisão de Israel de expandir os assentamentos ilegais nos Montes Golã ocupados desde 1967. A decisão em questão constitui uma nova fase no objetivo de Israel de expandir as suas fronteiras através da ocupação, As atuais ações de Israel estão afetando seriamente os esforços para estabelecer a paz e a estabilidade na Síria e estão escalando ainda mais as tensões na região. A comunidade internacional deve reagir", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia.
No domingo, Tel Aviv aprovou o plano para ampliar a população nos montes Golã, uma região síria anexada por Israel desde 1967. No entanto, Israel também garante que não tem interesse em entrar em um conflito com a Síria, assumindo o controle da zona-tampão, área territorial neutra entre dois países rivais, monitorizada pela Organização das Nações Unidas depois da queda do ex-presidente sírio Bashar al-Assad.
“Fortalecer os Montes Golã é fortalecer o Estado de Israel, e é especialmente importante neste momento. Vamos continuar a mantê-los, a fazê-los florescer e a colonizá-los”, indicou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, acrescentando o plano de 10 milhões de euros para investir em infraestruturas na região de forma a poder duplicar a população, atualmente de 50 mil pessoas, e constituída por drusos e judeus.
“Não temos qualquer interesse em confrontar a Síria. Determinaremos a política de Israel em relação à Síria com base na realidade emergente no terreno”, disse Netanyahu.
O projeto já foi criticado pela Arábia Saudita e o Catar. Enquanto isso, as forças israelenses continuam ainda a campanha de ataques a alvos militares do ex-regime de al-Assad. Mas, o líder do grupo Hayat Tahrir al-Sham que tomou Damasco, Ahmed al-Shara, criticou a operação militar no seu país. “Os israelenses ultrapassaram claramente os limites do envolvimento na Síria, o que representa uma ameaça de escalada injustificada na região”, avaliou.
al-Shara defende que o seu país está esgotado pela guerra, não tem condições de entrar em novos confrontos e defendeu a diplomacia como único meio de garantir a segurança e a estabilidade.
Já o enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, apelou ainda pelo fim das sanções econômicas ao país. "Esperamos que seja possível pôr rapidamente termo às sanções, para que possamos ver uma verdadeira mobilização em torno da construção da Síria. Precisamos pôr em marcha um processo político que inclua todos os sírios e esse processo tem de ser conduzido pelos próprios sírios”, destacou.
Entretanto, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, declarou que as sanções europeias só serão retiradas após o novo poder mostrar com atos que está indo na direção certa. "O que todos observam é, evidentemente, a forma como as mulheres e as meninas são tratadas, o que reflete a sociedade e o modo como esta se desenvolve, como as instituições são construídas, para que haja um governo que tenha em conta todos”, observou.
Israel conquistou parte da região dos Montes Golã, no sudoeste da Síria, durante a guerra Israel - Arabe de 1967, antes de anexar o território em 198e, somente os Estados Unidos da América, sob administração de Donald Trump, reconheceram esta anexação em 2019.