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GUERRA

Número de deslocados devido aos ataques em curso na Síria se aproxima dos 50 mil

Milícias de grupos radicais islâmicos tomaram Alepo, a segunda maior cidade do país, praticamente por completo

Publicado: 03/12/2024 às 16:27

Criança curda síria fugindo com sua família de sua casa nos arredores da cidade de Aleppo, no norte, depois de terem sido sequestrados por rebeldes liderados por islâmicos/Foto: DELIL SOULEIMAN/AFP

Criança curda síria fugindo com sua família de sua casa nos arredores da cidade de Aleppo, no norte, depois de terem sido sequestrados por rebeldes liderados por islâmicos/Foto: DELIL SOULEIMAN/AFP

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (OCHA) para o norte da Síria reportou que mais de 48.500 mil pessoas estão deslocadas das províncias sírias de Idlib e Alepo por causa dos combates que começaram na semana passada entre facções jihadistas e o exército do país.
 
As milícias de grupos radicais islâmicos tomaram praticamente por completo Alepo, a segunda maior cidade do país, com uma grande ofensiva, o que obrigou os militares do governo do presidente sírio Bashar al-Assad, que anteriormente controlava a região, a recuar. Esta é a primeira vez desde o início da guerra na Síria, em 2011, que o governo perdeu o controle desta cidade. 
 
Muitos civis ainda tentam abandonar as zonas, principalmente mulheres e crianças, e buscam refúgios em centros de acolhimento. A OCHA e outras organizações que prestam ajuda humanitária estão fornecendo alimentos e agasalhos, mas, segundo as Nações Unidas, a segurança continua preocupante.
 
Segundo a ONU, desde domingo cerca de 44 civis morreram em Idlib e no norte de Alepo, incluindo 12 crianças e sete mulheres. O relatório da organização também aponta que na mesma zona, 162 pessoas ficaram feridas, entre as quais 66 crianças e 36 mulheres. 
 
Além disso, desde o começo desta semana, os ataques afetaram quatro instalações de saúde, quatro escolas, dois campos de deslocados internos e uma estação de distribuição de água.
 
O gabinete do OCHA acrescentou que também foram registradas deslocações da zona de Tal Rifat, uma área controlada pelos curdos na província de Alepo, para o noroeste e nordeste da Síria e ainda notificadas novas chegadas de deslocados às províncias de Damasco, Hama, Homs, Latakia e Tartous, sob controle do regime de Assad.
 
“A prestação de ajuda e o acesso aos serviços básicos e às operações humanitárias permanecem gravemente arriscados nas zonas afetadas pela guerra, sobretudo em Idlib, Hama e Alepo”, afirmou o OCHA, sendo que nesta última cidade continua em vigor o toque de recolher obrigatório durante a noite.
 
A população civil dessas localidades apelou para que sejam criadas rotas seguras que facilitem a deslocação.
 
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede no Reino Unido e que tem uma ampla rede de contatos e parceiros no território sírio, desde o inicio da ofensiva em grande escala dos grupos radicais islâmicos, até ao momento pelo menos 602 pessoas foram mortas, incluindo 104 civis.
 
Estas retomadas de ataques em ampla escala das facções jihadistas inimigas do presidente sírio acontece no norte da Síria após muitos anos. Atualmente, o país está dividido basicamente em quatro áreas diferentes, controladas por Assad e por outras milícias radicais, como o Estado Islâmico e o braço Hayat Tahrir al-Sham (HTS), antigo braço sírio da Al-Qaeda e facções aliadas, algumas apoiadas pela Turquia.
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