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Incêndios na Austrália já devastaram área equivalente a Singapura

Os incêndios não provocaram vítimas nem perda de casas, no entanto atingiu estabelecimentos agrícolas e matou um número ainda desconhecido de animais

Publicado: 27/12/2024 às 17:40

/AFP PHOTO / STATE CONTROL CENTRE - VICTORIA EMERGENCY SERVICES

/AFP PHOTO / STATE CONTROL CENTRE - VICTORIA EMERGENCY SERVICES

 

Desde a semana passada, os incêndios próximos ao Parque Nacional de Grampians, no estado de Victoria, no sudeste da Austrália, já queimaram 74 mil hectares de floresta, uma área equivalente a Singapura, declarou Ben Carrol, vice-chefe do governo regional.

 

“Os inúmeros focos de fogo continuam fora de controle e cerca de 600 pessoas do departamento de emergência estão envolvidas no combate às chamas. Apesar de estar previsto para hoje condições meteorológicas mais favoráveis para tentar controlá-las, as zonas próximas dos incêndios florestais ativos permanecem sendo perigosas", disse Luke Heagerty, porta-voz do Centro de Controle de Victoria.

 

Também aproximadamente 2.600 residentes em 34 pequenas cidades que ficam perto das queimadas já foram retiradas por precaução, mas Heagerty indicou que novas ordens de evacuação devem ser feitas em breve.

 

Até o momento, os incêndios não provocaram vítimas nem perda de casas, no entanto atingiu estabelecimentos agrícolas e matou um número ainda desconhecido de animais. "Os esforços extraordinários dos bombeiros no terreno permitiram conter os incêndios antes de afetarem as populações", afirmou o porta-voz.

 

Calor extremo em 2024

 

A crise climática causou seis semanas adicionais de dias perigosamente quentes em 2024 para a população global, aumentando o impacto mortal das ondas de calor em todo o mundo. Mas, de acordo com a análise da World Weather Attribution (WWA) e pela Climate Central, os efeitos do aquecimento global foram muito piores para algumas pessoas do planeta.A análise mostra que os combustíveis fósseis aumentam as ondas de calor, deixando milhões de pessoas sujeitas a temperaturas mortais.

 

“Os impactos do aquecimento provocado pelos combustíveis fósseis nunca foram tão claros ou devastadores como em 2024 e causaram um sofrimento implacável. As inundações na Espanha, os furacões nos EUA, a seca na Amazônia e as inundações na África são apenas alguns exemplos. Sabemos exatamente o que temos de fazer para evitar que as coisas piorem: parar de queimar combustíveis fósseis. Mas, ainda na maioria dos países não há qualquer tipo de informação sobre ondas de calor, o que significa que os números que temos são sempre uma subestimação muito fraca”, afirmou Friederike Otto, do Imperial College de Londres e um dos responsáveis da WWA.

 

“Em quase todo o planeta, as temperaturas diárias elevadas ameaçam a saúde humana e se tornaram mais comuns devido às alterações climáticas”, acrescentou Joseph Giguere, investigador científico da Climate Central.

 

Em novembro, as alterações climáticas já provocaram dezenas de ondas de calor e agravou e acelerou centenas de outros fenômenos meteorológicos extremos. Os investigadores apelaram que as mortes causadas por ondas de calor fossem comunicadas em tempo real, uma vez que os dados atuais é uma subestimação muito grosseira devido à falta de monitorização. É possível que milhões de pessoas tenham morrido devido ao aquecimento global causado pelo homem nas últimas décadas.

 

“As nossas análises mostraram que todos os furacões atlânticos deste ano ficaram mais fortes devido às alterações climáticas e que os furacões Beryl e Milton, ambos de categoria cinco, não teriam atingido esse nível se não fossem as alterações climáticas”, explicou Kristina Dahl, vice-presidente para a ciência da Climate Central.

 

Além disso, uma análise recente da WWA mostrou que uma sequência extraordinária de seis tufões nas Filipinas em 30 dias, que afetou 13 milhões de pessoas, se tornou mais provável e mais grave devido ao aquecimento global.

 

Os habitantes das Caraíbas e do Pacífico foram os mais afetados, nos quais muitos suportaram cerca de 150 dias de calor a mais.  Além disso, quase metade dos países do mundo registrou pelo menos dois meses de temperaturas de alto risco. Mesmo nos locais menos atingidos, como o Reino Unido, os EUA e a Austrália, a poluição por carbono gerou ais três semanas de temperaturas elevadas.

 

No Oriente Médio, a população da Arábia Saudita teve mais 70 dias de calor, num ano em que pelo menos 1.300 peregrinos do Hajj, em Meca, morreram devido ao calor extremo.

 

Já o Brasil e Bangladesh tiveram cerca de 50 dias de calor adicionais, enquanto a Espanha, a Noruega e os países dos Bálcãs registraram mais um mês de temperaturas elevadas.

 

“Mais um ano devastador de condições meteorológicas extremas demonstrou que não estamos bem preparados para a vida com o nível atual]de aquecimento. Em 2025, é crucial que todos os países acelerem os esforços de adaptação às alterações climáticas e que as nações ricas disponibilizem fundos para ajudar os países em desenvolvimento a tornarem-se mais resistentes”, defendeu Julie Arrighi, diretora de programas do Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

 

2024 é considerado o ano mais quente de que se tem registro, com emissões de carbono recorde. 

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