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França critica acordo da UE com Mercosul, mas Espanha e Alemanha saúdam

Segundo a porta-voz do governo francês, Maud Bregeon, houve uma grande ruptura no vínculo de confiança entre os franceses e a Europa

Publicado: 06/12/2024 às 17:10

A porta-voz do governo francês Maud Bregeon/Foto: ALAIN JOCARD/AFP

A porta-voz do governo francês Maud Bregeon/Foto: ALAIN JOCARD/AFP

A porta-voz do governo da França, Maud Bregeon, acusou que houve uma grande ruptura no vínculo de confiança entre os franceses e a Europa, após a conclusão das negociações do acordo da União Europeia com o Mercosul, uma vez que o presidente Emmanuel Macron se opõe e não concorda com os termos do documento de livre comércio entre os dois blocos.
 
“O anúncio da Comissão Europeia do acordo sobre o tratado comercial só engaja a Comissão. Hoje, claramente, não é o fim da história. O que está acontecendo em Montevidéu não é uma assinatura do acordo, mas simplesmente a conclusão política das negociações. Isso é vinculativo apenas para a Comissão, não para os Estados-membros”, avaliou Sophie Primas, a ministra francesa do Comércio Exterior.
 
Primas ainda acrescentou que a Comissão assumiu suas responsabilidades como negociadora, mas isso é vinculativo apenas para ela.
 
Mas, a rejeição ainda é unânime entre os partidos do país. O partido da esquerda radical França Insubmissa (LFI) também disse que foi um acordo concluído por meio de uma marcha forçada e desafiando as pessoas e o planeta. “Macron é cúmplice da morte do modelo agrícola francês”, criticou Mathilde Panot, líder dos deputados do LFI.
 
A porta-voz da Reunião Nacional (RN), o maior partido da extrema-direita da França, disse que o presidente da República está fingindo se opor ao tratado.
 
Já o maior sindicato dos agricultores da França, o FNSEA-Jovens Agricultores (JA), acusou a presidente da Comissão Europeia, Ursula vonder Leyen, de trair os agricultores europeus.  “Essa validação não é apenas uma provocação aos agricultores europeus, que aplicam os mais altos padrões de produção do mundo, mas também uma negação da democracia em um momento em que quase todos os nossos parlamentares franceses se manifestaram contra esse acordo”, afirmaram as organizações sindicais francesas em um comunicado à imprensa. 

Por outro lado, a Espanha e a Alemanha comemoraram o tratado, que consideram o acordo essencial para a UE, sobretudo, porque apostam que irá diversificar seus comércios depois do encerramento com o mercado russo e reduzir a dependência da China. “O acordo político chegou. Um grande obstáculo foi removido. Mais de 700 milhões de pessoas poderão se beneficiar de um mercado livre, mais crescimento e competitividade”, apontou o chanceler alemão, Olaf Scholz. 

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também celebrou e destacou que o tratado construirá uma ponte econômica sem precedentes entre a Europa e a América Latina. "A Espanha trabalhará para garantir que esse acordo seja aprovado por uma maioria no Conselho. Porque a abertura do comércio com nossos colegas dos países latino-americanos nos tornarão, a todos nós, mais prósperos e mais fortes", declarou.  

Ambos os países acreditam que a parceria com o Mercosul é um mercado potencial para o crescimento do setor automotivo e produtos químicos, além de uma fonte confiável para a importação de minerais como o lítio, necessário para a produção de baterias. Eles assinalam os benefícios para a agricultura, com tarifas mais baixas para queijo, presunto e vinho da UE.
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