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Escalada de violência em Moçambique pós-eleição

A oposição, liderada por Venâncio Mondlane, denuncia fraudes e que a eleição foi totalmente "roubada".

Publicado: 27/12/2024 às 17:45

/Amilton Neves / AFP

/Amilton Neves / AFP

 

Nesta sexta-feira (27), com a escalada da violência que tomou conta de Moçambique desde as eleições presidenciais, o presidente eleito, Daniel Chapo, apoiado pelo partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), pediu pela não-violência e à unidade no país. Chapo ainda prometeu que, após a sua tomada de posse em meados de janeiro, será o presidente de todos.

 

A oposição, liderada por Venâncio Mondlane, denuncia fraudes e que a eleição foi totalmente "roubada". O país é assolado por uma onda de violência nos últimos dois meses, marcados por protestos, greves, bloqueios, saques, vandalismos, confrontos e barricadas, sobretudo na capital Maputo.

 

Segundo o relatório da ONG Plataforma Decide, os eventos e os confrontos entre a polícia e os manifestantes já causaram a morte de pelo menos 261 pessoas, dos quais 134 desde o início da semana, além de 573 pessoas baleadas, seis desaparecidos e 4.199 detidos desde o início da contestação da população pós-eleitoral.

 

A Frelimo está no poder a 50 anos e a vitória nas eleições presidenciais de 9 de outubro e que conseguiu ainda manter a maioria parlamentar, foi confirmada na última segunda-feira pelo Conselho Constitucional de Moçambique, a mais alta instância judicial do país. De acordo com o Conselho, Chapo venceu com 65,17% dos votos, de modo que o partido irá continuará a governar por mais cinco anos.

 

A tensão social se elevou ainda mais após esse anúncio dos resultados finais das eleições gerais e o caos se instalou por completo no país africano.

 

Somente na quarta-feira cerca de 1.534 prisioneiros escaparam  da Cadeia Central de Maputo, de segurança máxima, “Foi uma ação que resultou da agitação de um grupo de manifestantes subversivos nas imediações.  A responsabilidade é de manifestantes pós-eleitorais”, avaliou o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael.

 

 No entanto, Mondlane acusou as autoridades de terem propositadamente deixado sair estes reclusos, com o objetivo de manipular as massas e desviar o foco da sociedade. "Foi tudo propositado. São técnicas de manipulação de massas à moda dos serviços secretos soviéticos, para que as pessoas parem de falar na fraude eleitoral. Querem desviar o nosso foco", afirmou, denunciando também as autoridades de terem sacrificado alguns dos reclusos.

 

Mondlane garantiu que as manifestações não vão parar, pedindo aos seus apoiadores que intensifiquem os protestos, mas evitando a destruição de bens públicos e privados. "O nosso foco não são os empresários e os seus estabelecimentos comerciais. O nosso foco são as instituições que fizeram esta fraude. É lá onde as manifestações devem ocorrer", apontou. 

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