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GUERRA

ONU defende intervenção da comunidade internacional para deter limpeza étnica em Gaza

António Guterres alertou que Israel pode estar empreendendo uma "limpeza étnica", sobretudo na região norte, que esta há quase um mês sitiada

Publicado em: 01/11/2024 12:13

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas (Foto: JOAQUIN SARMIENTO / AFP)
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas (Foto: JOAQUIN SARMIENTO / AFP)
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu que a comunidade internacional deve intervir na Faixa de Gaza diante da escalada intensa de incidentes com mortes em massa. Guterres alertou que Israel pode estar empreendendo uma "limpeza étnica", sobretudo na região norte que esta há quase um mês sitiada. "A intenção pode ser para que os palestinos deixem Gaza de forma a que outros a ocupem. Faremos todo o possível para ajudá-los a permanecer no território e evitar a limpeza étnica que pode acontecer se não houver uma forte determinação da comunidade internacional", disse o líder da ONU.
 
Nesta sexta-feira (1) também mais 47 palestinos foram mortos durante a madrugada na sequência de ofensivas israelenses na cidade de Deir Al-Balah, no campo de refugiados de Nuseirat e em Al-Zawayda, no centro de Gaza. Há dezenas de feridos, na maioria crianças e mulheres. 
 
Segundo a ONU, além disso, a quantidade de ajuda que entrou em Gaza atingiu o nível mais baixo desde o início da guerra no enclave. No mês todo de outubro, apenas 836 caminhões de ajuda humanitária tiveram permissão para entrar em Gaza, de acordo com os dados levantados pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Antes do conflito, entravam no território, em média, 500 caminhões de ajuda e comércio por dia. A OCHA já advertiu para o agravamento da situação. 
 
“Toda a população do norte de Gaza corre o risco de morrer, uma vez que as forças israelenses continuam com intensas e consecutivas operações militares na região. Aproximadamente cem mil pessoas continuam encurraladas em Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun sob bombardeios indiscriminados e privados de alimentos, água e cuidados médicos. Também cerca de mais de mil habitantes já morreram nesta zona sitiada, após quase um mês de uma ofensiva massiva terrestre e aérea do exército israelense”, apontou a organização. 
 
Enquanto isso, o Pentágono comunicou que o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, conversou com o homólogo de Israel, Yoav Gallant, sobre as medidas que o país deve tomar para melhorar as terríveis condições humanitárias em Gaza, e ainda as perspectivas de libertação de reféns e de um acordo de cessar-fogo.

Entre ataques atrás de ataques, na última terça-feira ocorreu mais um bombardeio a Beit Lahiya, num prédio residencial de cinco andares, que provocou cem mortos, com muitas vítimas mulheres e 25 crianças, além de mais de 150 feridos e dezenas de desaparecidos sob os escombros. Este ataque particularmente atraiu a condenação mundial, em especial da União Europeia, que classificou as imagens como horripilantes e acusou os militares de desrespeitarem brutalmente os princípios da proporcionalidade e proteção da população. Os EUA descreveram o episódio como "horrível" e a França apelou para o fim do cerco de Israel ao norte de Gaza.
 
Nessa semana ataque aéreos atingiram ainda as imediações do hospital Kamal Adwan e a escola Al-Fajoura, ligada à agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), que provocou um incêndio. Ambos estão localizados em Beit Lahia.
 
“Milhares de pessoas foram forçadas a fugir mais uma vez. Os hospitais foram atingidos e os profissionais de saúde foram detidos. Os abrigos foram esvaziados e incendiados. Os socorristas impedidos de salvar pessoas que estavam sob os escombros. Não se pode permitir o que o exercito de Israel esta fazendo no norte de Gaza. Esse desrespeito flagrante pela humanidade básica e pelas leis da guerra tem de acabar”, disse Joyce Msuya, subsecretária-geral interina da OCHA e coordenadora de ajuda de emergência. 
 
Além disso, o chefe da agência da UNRWA, Philippe Lazzarini, informou que na quinta-feira (31) o escritório da agência na Cisjordânia foi danificado pelas forças israelenses.  “Tratores israelenses danificaram o espaço situado no campo de Nur Shams, na Cisjordânia. O escritório já não pode ser usado. Era o centro de prestação de serviços básicos a mais de 14 mil refugiados palestinos no campo, incluindo educação para crianças, saúde, saneamento e proteção social. Também as estradas, as redes de água e de eletricidade foram destruídas no campo. Mais uma vez, as instalações da ONU estão sendo sistematicamente ignoradas, embora devam ser protegidas em todas as circunstâncias, incluindo em tempos de conflito", denunciou na rede social X, mostrando ainda imagens. 
 
De acordo com o ultimo balanço das autoridades médica de Gaza, já morreram desde o início do conflito 43.259 palestinos e 101.827 ficaram feridos.
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