GUERRA
Serviços secretos confirmam contingente norte-coreano contra a Ucrânia
Cerca de 11 mil soldados norte-coreanos já estão na Rússia e que estarão prontos para combater até o dia 1 de novembro
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 18/10/2024 15:15
Foto: Pixabay |
O chefe dos serviços secretos militares ucranianos, Kyrylo Budanov, declarou hoje que cerca de 11 mil soldados norte-coreanos já estão na Rússia e que estarão prontos para combater até o dia 1 de novembro. “Sabemos que a Coreia do Norte está preparando o envio dos soldados para lutar contra nós”, afirmou, acrescentando que aproximadamente o primeiro grupo de 2.600 soldados vai ser enviado para a região russa de Kursk.
Os serviços secretos sul-coreanos também indicaram que a Coreia do Norte decidiu enviar até 12 mil soldados para ajudar Moscou na sua guerra contra a Ucrânia e que aproximadamente um contingente de 1.500 norte-coreanos já estão em treinamento no território russo, antes de irem combater.
“Isso prova que Moscou quer uma guerra maior e mais longa e que está treinando os seus aliados para tal. Se soldados norte-coreanos vierem a ser enviados para a Ucrânia, poderá complicar a situação no campo de batalha. Isso prova também que a Ucrânia tem toda a razão em falar agora com os seus parceiros sobre o reforço das nossas posições, em conformidade com o plano de vitória”, declarou, sob anonimato, um alto representante do governo ucraniano, citado pela agência de notícias France-Press (AFP).
As declarações surgem logo após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que o governo de Pyongyang se preparava para enviar dez mil soldados para tomar parte da guerra, o que o líder da Ucrânia chamou ser o primeiro passo de uma Guerra Mundial. "Isto já não é apenas sobre transferir armas. É realmente sobre transferir pessoas da Coreia do Norte para as forças militares ocupantes", acusou.
Zelensky, além disso, apresentou esta semana o seu “plano de vitória” na reunião dos ministros da Defesa da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), o bloco de defesa militar ocidental, que prometeram manter uma forte ajuda à Ucrânia. No entanto, não cederam na adesão imediata do país a aliança militar enquanto o país estiver em guerra, um dos pontos do seu plano de vitória.
O líder ucraniano pediu a entrada na OTAN e a instalação de meios de dissuasão não-nucleares no seu território, o que permitiria atacar profundamente solo russo com os mísseis que lhe foram fornecidos. “Precisamos neste momento de mais cooperação para impedir que Moscou ganhe tempo e beneficie, de uma forma ou de outra, do eventual envolvimento de tropas norte-coreanas na guerra”, argumentou.
Entretanto, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, admitiu que ainda não existe consenso entre os líderes europeus quanto ao plano de vitória. “O documento será reavaliado após as eleições nos EUA. Mas, somos solidários com a Ucrânia nesta questão”, adiantou.
Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou hoje a OTAN de estar lutando contra a Rússia utilizando soldados ucranianos. “Porém, o exército russo está se tornando um dos mais capazes. É difícil dizer quando é que a Rússia vai ganhar na Ucrânia, mas estamos prontos para lutar e vamos ganhar”, garantiu.
Combate com armas e tropas norte-coreanas
Kiev e os países ocidentais também já denunciaram a Coreia do Norte de fornecer grandes quantidades de munições e mísseis à Rússia. A Ucrânia, inclusive, classificou recentemente Pyongyang como o seu maior problema entre os aliados da Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin assinou em junho deste ano um acordo de defesa e segurança com o líder norte-coreano, Kim Jong-um. Em troca, a Rússia forneceria tecnologia ao país para ajudá-los em seus planos de implantar satélites de espionagem em órbita e a Coreia do Norte enviaria armamentos a Moscou.
Por sua vez, o vice-ministro da Defesa sul-coreano, Kim Seon-ho, acredita que a transferência de armas para Moscou vem sendo realizada há mais de um ano e considera que Pyongyang poderá enviar civis e não militares para frente ucraniana em apoio à Rússia. “É possível que a Coreia do Norte tenha disponibilizado pessoal civil em vez de forças militares. Se estão de fato a enviar tropas, é porque a Coreia do Norte sente a necessidade de fazê-lo para manter o seu regime vivo e pede garantias ao Kremlin para atingir esse objetivo", disse Kim.
Em junho, o Ministro da Defesa da Coreia do Sul, Shin Wonsik, já havia alertado que Pyongyang tinha entregado cerca de 10 mil contêineres de ajuda militar para os russos e que o material poderia conter até 4,8 milhões de peças de artilharia.
Mas, segundo o jornal ucraniano Kyiv Post quase três mil soldados norte-coreanos, munidos de armas, já estavam a caminho da Rússia, para participarem de operações de alto risco destinadas a reduzir a pressão sobre as tropas russas.
Para alguns analistas internacionais o fornecimento de tropas a Moscou está em conformidade com o pacto estratégico assinado pelas duas partes, que inclui uma cláusula de apoio mútuo no caso de um dos dois países serem atacado.
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