ORIENTE MÉDIO
ONU alerta sobre novo ataque israelense às suas posições no Líbano
Tanque israelense disparou em duas câmaras de vigilância e causou danos na torre da FINUL
Publicado em: 16/10/2024 17:42 | Atualizado em: 16/10/2024 18:23
Porta-voz das forças de paz, Andrea Tenenti (foto: ANWAR AMRO / AFP) |
A Força Interina da Organização das Nações Unidas no Líbano (FINUL) denunciou hoje que um tanque israelense disparou contra a sua posição perto de Kafer Kela, no sul do país, e destruiu duas câmaras de vigilância e causou danos na torre.
"Mais uma vez vemos disparos diretos e aparentemente deliberados contra uma posição da FINUL", diz o comunicado da missão de paz internacional da ONU, acrescentando que às Forças de Defesa de Israel (IDF) e todos os atores no conflito no Líbano tem a obrigação de garantir a proteção e a segurança do pessoal e dos ativos das Nações Unidas e respeitar a sua inviolabilidade.
A FINUL já sofreu vários ataques do exército israelense, que deixou cinco capacetes azuis feridos, além da incursão de um tanque numa das suas bases.
Vários países europeus já alertaram Tel Aviv que evite ataques a missão da ONU no Líbano, após uma reunião dos ministros da Defesa de 16 nações da União Europeia que contribuem para a missão de manutenção da paz da ONU no Líbano considerarem que as regras do seu envolvimento devem ser mais eficazes. Além disso, através de uma nota oficial emitida pela Itália, o bloco destacou que o governo de Israel deve ser pressionado. “Um ponto-chave que emergiu da reunião foi à vontade partilhada de exercer a máxima pressão política e diplomática sobre Israel para que não ocorram novos incidentes. Além disso, o Hezbollah não pode usar o pessoal da FINUL como escudos no contexto do conflito”, relata o texto.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, declarou hoje que o governo de Tel Aviv atribui grande importância às atividades da FINUL e não tem qualquer intenção de prejudicar a organização ou o seu pessoal. “Além disso, Israel prevê um papel importante para a FINUL no rescaldo da guerra contra o Hezbollah”, indicou Katz, apesar da missão de paz já ter uma representação ativa antes de eclodir o atual conflito.
As declarações do chefe da diplomacia de Israel surgem após o protesto internacional desencadeado no domingo pelo apelo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para que os soldados da FINUL destacados no sul do Líbano fossem levados para um lugar seguro. A maioria da comunidade internacional condenou os incidentes contra a FINUL, que feriu cinco soldados das Nações Unidas.
“É a organização terrorista Hezbollah que utiliza o pessoal da FINUL como 'escudos humanos', atacando deliberadamente os soldados do Exército a partir de locais próximos das posições da FINUL para criar atritos”, alegou Katz, sustentando a mesma fala de Netanyahu.
Enquanto isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) também apelou hoje pelo fim dos ataques contra unidades de saúde no Líbano, onde o exército israelense realiza intensos bombardeios há mais de três semanas.
O ministro da Saúde libanês, Firas Abiad, informou ainda que mais de 150 socorristas e assistentes já foram mortos e 130 ambulâncias danificadas no espaço de um ano, quando teve início a troca de fogo cruzado entre tropas de Israel e o grupo xiita Hezbollah. “A violência obrigou 13 hospitais a suspender total ou parcialmente as suas atividades”, disse Abiad.
A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, também disse que o sofrimento dos civis está atingindo um nível sem precedentes apos um ataque israelense no sul do país, que matou pelo menos seis pessoas e feriu 43, segundo o Ministério da Saúde do Líbano.
Cúpula da UE e CCG
Também em uma declaração conjunta da União Europeia (UE) e dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), formado pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Bahrein, Qatar e Kuwait, após a primeira cúpula realizada hoje, os dois blocos pediram um cessar-fogo na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Israel e Líbano.
O conflito no Oriente Médio foi um dos principais tópicos do encontro inédito, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu como histórico.
“Apelamos à implementação da resolução das Nações Unidas, incluindo um cessar-fogo imediato, completo e total, a libertação de todos os reféns, a troca de prisioneiros palestinos, assim como o acesso imediato e desimpedido de apoio humanitário para a população civil, que inclua uma distribuição eficaz e em segurança dessa ajuda no enclave palestino. Estamos preocupados com as tensões cada vez maiores na região e pedimos a todas as partes que exerçam contenção, para evitar uma escalada ainda maior e que se dediquem aos esforços diplomáticos”, aponta a declaração.
A UE e o CCG pediram a todas as partes para cumprirem com as obrigações no âmbito do direito internacional, incluindo a lei humanitária internacional, refreando quaisquer ataques contra civis e contra infraestruturas civis críticas.
Os dois blocos ainda estão de acordo quanto à necessidade de concretizar a solução dos dois Estados (palestino e israelense), e que vivam lado a lado em paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, baseadas no plano internacional que confere ao Estado da Palestina os territórios atualmente ocupados.
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