CONTINENTE EUROPEU
Moldávia aprova entrada na UE, mas acusa que houve tentativa de interferência estrangeira
A consulta popular foi aprovada com 50,45% dos votos a favor até o momento desta publicação
Publicado em: 21/10/2024 15:22 | Atualizado em: 21/10/2024 16:21
Presidente da Moldávia, Maia Sandu (foto: Daniel MIHAILESCU / AFP) |
No referendo realizado no domingo (20), a população da Moldávia aprovou a inclusão da adesão à União Europeia (UE), que se candidatou em março de 2022 e no final do ano passado os dirigentes da UE decidiram iniciar as negociações da entrada no bloco.
De acordo com os resultados preliminares divulgados nesta segunda-feira (21) pela Comissão Eleitoral Central (CEC) do país, a consulta popular foi aprovada, mas por uma margem pequena, com 50,45% dos votos a favor até o momento, que correspondem a 99,41%, uma vez que ainda falta concluir agora apenas a contagem dos votos no exterior.
Simultaneamente também ocorreu na Moldávia a eleição presidencial que deu a vitória no primeiro turno a atual presidente do país Maia Sandu, que conquistou 42% dos votos e disputará com o candidato pró-russo Alexandr Stoianoglo, que obteve 26% dos votos, o segundo turno no dia 3 de novembro.
Entretanto, segundo Sandu, já no início das votações no domingo houve um ataque inédito estrangeiro. "Temos provas e informações de que um grupo criminoso pretendia comprar 300 mil votos. Esta é uma fraude sem precedentes cujo alvo é comprometer a democracia. O seu objetivo é semear o medo e o pânico na sociedade. Hoje, tal como nos últimos meses, a liberdade e a democracia na Moldávia estão sob ataques sem precedentes. Grupos criminosos, associados a forças estrangeiras, atacaram o nosso país com mentiras e propaganda. Não deixaremos de defender a liberdade e a democracia. Aguardaremos os resultados definitivos e voltaremos com soluções", afirmou Sandu.
Enquanto isso, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reagiu às alegadas interferências estrangeiras. Peskov pediu a Sandu que apresentasse provas de interferência estrangeira nos processos eleitorais, que foi denunciada na noite de domingo.
O porta-voz presidencial russo ainda questionou os resultados dos dois pleitos, denunciando ‘anormalidades’ nos processos eleitorais do governo de Chisinau. "Foram observadas anomalias nos resultados da votação na Moldávia devido ao aumento de votos a favor da presidente moldava Maia Sandu e da integração europeia. Os indicadores que vemos hoje, que estamos acompanhando, e a dinâmica das suas mudanças, com certeza, levantam muitas questões", acusou Peskov.
As forças de Moscou têm cerca de 1.500 soldados estacionados na Transnístria, uma região governada por separatistas pró-russos que se libertaram do controle do governo moldávio num conflito na década de 1990.
Parlamento Europeu saudou a vitória do sim
Os eurodeputados do Parlamento Europeu (PE) congratularam hoje a população e autoridades da Moldávia pela vitória do "sim" no referendo para incluir na Constituição do país a adesão ao bloco europeu, apesar da interferência e desinformação sem precedentes da Rússia.
"O PE felicita os resultados do referendo realizado ontem. Apesar da interferência russa sem precedentes, maligna e ilícita, especialmente através da tentativa de comprar votos, ataques híbridos e desinformação, a população escolheu um futuro na União Europeia. Consideramos que a adesão à UE vai ser um investimento de benefícios mútuos para uma Europa unida e forte", diz o comunicado do eurodeputados, representado por Michael Gahler, chefe da missão eleitoral do PE, acrescentando que as eleições e o referendo se realizaram num contexto dificultado pela invasão russa da Ucrânia, que continua a prejudicar a Moldávia.
Moscou interferiu e tentou comprar votos antes e durante o sufrágio, denunciaram os europarlamentares da missão de observação do PE. “Condenamos veementemente as atividades maliciosas, interferências e operações híbridas perpetradas pela Rússia, oligarcas com ligações à Rússia e intervenientes locais patrocinados pela Rússia, que se intensificou com a aproximação do dia da votação. O objetivo da Rússia continua a ser o de diminuir o processo eleitoral, a segurança, soberania e bases democráticas da Moldávia e o livre-arbítrio dos cidadãos ", reiteraram.
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