EUA

Kamala Harris deixa Donald Trump na defensiva em debate repleto de troca de farpas

Kamala Harris foi vista como vencedora do debate
Por: AFP

Publicado em: 11/09/2024 08:56

O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump fala durante um debate presidencial com a vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata Kamala Harris
 (Crédito: SAUL LOEB / AFP)
O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump fala durante um debate presidencial com a vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata Kamala Harris (Crédito: SAUL LOEB / AFP)

Kamala Harris deixou Donald Trump na defensiva durante um debate presidencial de terça-feira (10) repleto de ataques pessoais e políticos, no qual a democrata demonstrou um ótimo desempenho.

 

O resultado foi considerado tão bom que a equipe de campanha da democrata afirmou que ela "está pronta para um segundo debate".

 

O evento também agradou a cantora Taylor Swift, que prometeu votar em Kamala, a quem chamou de "guerreira" porque "luta pelos direitos e causas" com as quais ela se identifica. 

 

Um apoio muito importante devido à enorme influência da artista em milhões de jovens. O marido da vice-presidente americana, Doug Emhoff, resumiu o cenário: "Você venceu o debate, mas ainda não ganhamos nada", comentou.

 

"Temos muito trabalho pela frente", reconheceu a vice-presidente e candidata democrata, de 59 anos.

 

Seu rival, o ex-presidente Trump, de 78 anos, também reivindicou a vitória. Em sua plataforma Truth Social, ele afirmou que este foi "seu melhor debate".

 

Harris venceu

 

"Trump foi muito mal e Harris venceu por ampla margem", afirmou o cientista político Larry Sabato. 

 

"Talvez não mude muito as pesquisas", atualmente empatadas, a oito semanas das eleições, lembrou Julian Zelizer, professor da Universidade de Princeton. "Mas ela o empurrou para o tipo de discurso que ilustra o caos que ele trouxe para o cenário político.

 

O debate na rede ABC começou com um aperto de mão entre os dois, mas surgiram faíscas quase desde o primeiro minuto.

 

De pé, atrás do púlpito, ele permaneceu sério, sem tirar os olhos da câmera. Ela virava a cabeça de vez em quando para observar o rival com sarcasmo durante os mais de 90 minutos de debate, que aconteceu na Filadélfia, berço da democracia americana no leste do país.

 

"Ele nos deixou o pior desemprego desde a Grande Depressão (...) a pior epidemia de saúde pública  em um século (e) o pior ataque à nossa democracia desde a Guerra Civil, e o que fizemos foi limpar a bagunça de Donald Trump", disse a democrata. 


Ataques pessoais

 

Ela também o acusou de espalhar "muitas mentiras" sobre o aborto que "ofendem as mulheres".

 

Trump chamou a democrata de "marxista" e recorreu ao seu tema favorito: migração. "Muitas pessoas que chegam são criminosas e isso também é ruim para a nossa economia, disse.

 

"Estão tomando os empregos que agora são ocupados por afro-americanos e hispânicos e também por sindicatos", disse o republicano, como parte da sua retórica anti-imigração.

 

Ele foi mais longe ao repetir a mentira de que os migrantes comem "cachorros, gatos e animais de estimação" dos moradores de uma cidade de Ohio (nordeste dos Estados Unidos), um boato repetido desde segunda-feira pelos republicanos e desmentido pelas autoridades.

 

À medida que o debate avançava, o tom agressivo aumentava.

 

Estou falando

 

"Estou falando, se não se importa, por favor", disse a vice-presidente em um determinado momento.

 

Segundo Trump, a tentativa de assassinato da qual foi vítima em julho "provavelmente" foi motivada pelas críticas dos seus rivais, que o chamam de "ameaça à democracia".

 

Ele acusou a democrata de ter "copiado" o programa econômico do atual presidente, mas ela recordou que o republicano não está mais em uma disputa com Joe Biden, e sim com ela.

 

A vice-presidente não evitou os ataques pessoais. Kamala provocou Trump em um de seus temas favoritos, embora menos sérios — seus famosos comícios. Os participantes, disse ela, estavam saindo cedo dos atos públicos do republicano devido ao "cansaço e tédio."

 

Também acusou o adversário de utilizar a raça "para dividir o povo americano" e afirmou que "Líderes mundiais estão rindo de Donald Trump". 

 

"Ditadores e autocratas estão torcendo para que você seja presidente novamente", disse, "porque podem 

 

O presidente russo Vladimir Putin "o devoraria no almoço" e já estaria sentado em Kiev "se o republicano fosse presidente", declarou.

 

O republicano se negou a afirmar se deseja ou não uma vitória da Ucrânia contra a Rússia.

 

"Ela odeia Israel. Se ela virar presidente, não acredito que Israel exista em dois anos", disse o ex-presidente. Como esperado, a democrata negou.

 

Durante décadas, os debates permitiam que um candidato se distinguisse do seu rival, mas não afetaram consideravelmente a campanha.

 

Mas o cenário mudou em junho, quando o péssimo desempenho do presidente Joe Biden precipitou sua desistência da reeleição, anunciada em 21 de julho, quando passou o bastão para sua vice-presidente.

 

Muitos americanos (28%, segundo uma pesquisa New York Times/Siena College) não a conhecem, nem as suas propostas. O debate foi a oportunidade da democrata para convencer os indecisos.

 

Ele propôs "um novo caminho" para superar a era Trump.

 

As duas candidaturas  precisam dos eleitores indecisos, principalmente nos estados-pêndulo, ou seja, que votam em um partido ou em outro dependendo dos candidatos. Isto concede a tais estados uma influência gigantesca nas eleições devido ao sistema de votação por sufrágio universal indireto.