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ORIENTE MÉDIO

Israel mata mais um dirigente do Hezbollah após eliminar o líder do grupo

O anúncio acontece um dia após a confirmação pelo Hezbollah da morte de seu líder, Hassan Nasrallah, em um bombardeio israelense
Por: AFP

Publicado em: 29/09/2024 09:37 | Atualizado em: 29/09/2024 09:51

O Exército israelense anunciou neste domingo (29), que efetuou "dezenas" de ataques contra alvos do Hezbollah no Líbano nas últimas horas (foto: Rabih DAHER / AFP)
O Exército israelense anunciou neste domingo (29), que efetuou "dezenas" de ataques contra alvos do Hezbollah no Líbano nas últimas horas (foto: Rabih DAHER / AFP)

Israel anunciou neste domingo (29) que matou mais um dirigente do Hezbollah, durante um ataque aéreo no sábado na periferia sul de Beirute, depois de eliminar o poderoso líder do movimento islamista libanês, Hassan Nasrallah.

 

O Exército "eliminou o terrorista Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança" do Hezbollah e membro do conselho central da organização pró-Irã, afirma um comunicado militar.

 

Uma fonte próxima ao Hezbollah confirmou à AFP a informação.

 

"Nabil Qauq era considerado próximo à cúpula da organização terrorista Hezbollah e estava diretamente envolvido na promoção de planos terroristas contra o Estado de Israel e seus cidadãos, inclusive nos últimos dias", acrescentou o Exército.

 

O anúncio acontece um dia após a confirmação pelo Hezbollah da morte de seu líder, Hassan Nasrallah, na sexta-feira em um bombardeio israelense contra o quartel-general do movimento xiita ao sul de Beirute.

 

A morte de Nasrallah, que era considerado o homem mais poderoso do Líbano, constitui uma grande vitória de Israel contra seu arqui-inimigo Irã e seus aliados, mas leva a região para um terreno desconhecido.

 

"Acertamos nossas contas com o responsável pelo assassinato de inúmeros israelenses e muitos cidadãos de outros países", celebrou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

 

O governo do Irã reagiu e afirmou que "o objetivo sagrado" de Nasrallah será concretizado com a "libertação de Jerusalém".

 

 

 

Ataques prosseguem

 

O Exército de Israel também anunciou neste domingo que efetuou "dezenas" de ataques contra alvos do Hezbollah no Líbano nas últimas horas.

 

A Força Aérea israelense "atacou dezenas de alvos terroristas": posições de lançamento de foguetes, instalações militares e depósitos de armas.

 

Desde sábado, o Exército bombardeou centenas de alvos, acrescenta a nota militar.

 

Vários dirigentes do Hezbollah morreram ao lado de Hassan Nasrallah na operação que recebeu o nome "Nova Ordem", segundo Israel. As autoridades do país destacaram que a "maioria" dos integrantes de alto escalão da organização morreu em operações israelenses nos últimos meses.

 

Nasrallah, 64 anos, era venerado entre a comunidade xiita do Líbano. Líder do Hezbollah desde 1992, ele vivia escondido há muitos anos e raramente aparecia em público.

 

Seu primo Hashem Safieddine, uma figura importante no movimento pró-Irã, é apontado como um possível sucessor.

 

O papa Francisco pediu neste domingo um cessar-fogo imediato "no Líbano, em Gaza, no restante da Palestina, em Israel", em um discurso no último dia de uma visita de três dias à Bélgica. 

 

"Muitas pessoas continuam morrendo, dia após dias, no Oriente Médio", acrescentou o pontífice.

 

A China pediu a adoção de "medidas imediatas para acalmar a situação e evitar que o conflito se propague ainda mais ou fique fora de controle".

 

O Irã pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para evitar "uma guerra total" na região.

 

 

"Até um milhão de pessoas deslocadas"

 

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou neste domingo que até um milhão de pessoas podem ter sido deslocadas pelos ataques israelenses no Líbano. 

 

"Poderia ser o maior deslocamento populacional da história do Líbano", declarou.

 

Segundo a ONU, os bombardeios israelenses forçaram a fuga de 50 mil pessoas do Líbano para a Síria e mais de 200 mil estão deslocadas dentro do país.

 

"Nem peguei as roupas, nunca pensei que sairíamos assim: de repente, estávamos na rua", declarou à AFP Rihab Naseef, 56 anos, morador do sul de Beirute.

 

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou neste domingo uma operação de emergência para ajudar um milhão de pessoas afetadas pela violência no Líbano.

 

O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982, durante a guerra civil no Líbano, por iniciativa da Guarda Revolucionária iraniana.

 

Apesar dos ataques incessantes de Israel, o movimento continua lançando foguetes contra o território israelense.

 

Neste domingo, o Exército relatou que oito projéteis disparados do Líbano caíram em áreas desabitadas do norte de Israel.

 

Além disso, as forças de segurança interceptaram um "projétil aéreo" procedente do Mar Vermelho, de onde os rebeldes huthis pró-Irã efetuaram vários ataques nos últimos meses contra Israel.

 

 

"Derrota total?"

 

"Se, neste momento, o Hezbollah não responder com o seu arsenal de mísseis de precisão de longo alcance, vamos deduzir que simplesmente não tem a capacidade", afirmou Heiko Wimmen, analista do International Crisis Group.

 

"Ou vamos assistir uma reação sem precedentes do Hezbollah [...] ou a sua derrota total", acrescentou.

 

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel em apoio ao aliado Hamas na guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento palestino em território israelense em 7 de outubro de 2023.

 

Após um ano de confrontos na fronteira, o Exército iniciou na semana passada uma campanha de bombardeios em larga escala contra o Hezbollah no Líbano.

 

Israel afirma que pretende restabelecer a segurança no norte do país, alvo dos ataques do Hezbollah, e permitir o retorno de dezenas de milhares de habitantes que foram obrigados a fugir de suas casas. 

 

Um ano de confrontos provocou mais de 1.640 mortes, um número de vítimas superior ao provocado pela última guerra entre Israel e Hezbollah em 2006.

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