GUERRA
Ataque israelense contra escola em Gaza mata 14 pessoas, incluindo dois trabalhadores da ONU
O porta-voz da Defesa Civil no enclave comunicou que as equipes de socorro continuam a busca por mais vítimas nos escombros
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 11/09/2024 15:26
Palestinos verificam o terreno de uma escola depois que um ataque aéreo israelense atingiu o local, em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza (Foto: EYAD BABA / AFP ) |
De acordo com autoridades locais, pelo menos 14 palestinos morreram e outros 18 ficaram feridos hoje num ataque do exército israelense contra a escola al-Jaouni, em Nuseirat, no centro de Gaza, que abrigava deslocados da região. Entre os mortos estão dois funcionários da agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
O porta-voz da Defesa Civil no enclave comunicou que as equipes de socorro continuam a busca por mais vítimas nos escombros. Em imagens de vídeo divulgadas nos momentos que se seguiram ao ataque, mostra dezenas de pessoas, entre elas mulheres e crianças, escavando os destroços para tentar resgatar os corpos dos que ficaram presos pelos projéteis.
Já os principais hospitais do centro da Faixa de Gaza, al-Aqsa Martyrs e al-Awda, têm grandes dificuldades em funcionar devido ao número crescente de vítimas que recebem e a outros problemas como a falta de eletricidade.
O gabinete de imprensa de Gaza disse que o centro abrigava 5 mil pessoas deslocadas e o governo local afirma que Israel já bombardeou mais de 18 escolas ou abrigos no campo de refugiados de Nuseirat. "Consideramos a ocupação israelense e a administração norte-americana totalmente responsáveis pela continuação do crime de genocídio e pela prática de massacres contra civis na Faixa de Gaza", diz o comunicado do governo.
As forças armadas israelenses, por seu lado, insistem que é o Hamas que abusa
sistematicamente das infraestruturas civis em violação do direito internacional.
"Recentemente, sob a direção do exército e da agência de informação interna Shin Bet, a força aérea levou a cabo um ataque de precisão contra terroristas que operavam no interior de um centro de controle do Hamas na zona de Nuseirat", anunciou as forças israelenses, em referência à escola. Segundo os militares, a escola al-Jaouni era usada por milicianos palestinos como espaço para planejar e executar ataques terroristas contra as tropas de Israel. As forças armadas israelenses também argumentaram ter tomado medidas para mitigar o risco de ferir civis, tais como utilizar munições de precisão, vigilância aérea e outros métodos de informação.
ONU denuncia disparos contra caravana humanitária
Uma caravana da Organização das Nações Unidas (ONU), identificada e que participava na campanha de vacinação contra a poliomielite, foi mantida sob a mira durante várias horas em Gaza na segunda-feira pelo Exército israelense, que efetuou vários disparos, denunciou hoje a entidade.
“A caravana de diversas agências da ONU, incluindo a Agência para os Refugiados Palestinos (UNRWA), foi detida pelas forças israelenses no posto de controle de al-Rashid, embora tivesse todas as autorizações necessárias. A situação se agravou rapidamente, com os soldados a apontarem as suas armas diretamente para o nosso pessoal, os veículos da ONU a serem cercados pelas forças israelenses e os tiros a serem disparados”, contou Stéphane Dujarric, porta-voz das Nações Unidas.
“Tanques israelenses e uma escavadora aproximaram-se então, atingindo os veículos da ONU à frente e atrás, compactando a caravana”, acrescentou Dujarric, ressaltando que os funcionários não conseguiram sair dos veículos em segurança.
“A coluna foi mantida sob a mira de uma arma enquanto altos funcionários da ONU contatavam as autoridades israelenses para tentar uma desescalada da situação e apos sete horas e meia no posto de controle, a caravana regressou à sua base sem ser capaz de cumprir a sua missão humanitária”, denunciou ainda o porta-voz.
“Poderia ter se transformado numa tragédia”, disse Dujarric, referindo que o incidente não causou feridos e mortos.
Enquanto isso, na Cisjordânia as forças israelenses intensificam a ofensiva na região. Na cidade de Tubas, no norte da Cisjordânia ocupada, está cercada pelo exército israelense. Os militares invadiram vários bairros, cercaram um hospital e atacaram um campo de refugiados.
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