EUA

Aluno de 14 anos mata quatro pessoas durante tiroteio em escola nos EUA

Ao menos nove feridos são hospitalizados; presidente Joe Biden exige do Congresso legislação para proibir venda de armas de assalto

Publicado em: 05/09/2024 08:16 | Atualizado em: 07/09/2024 07:49

Alunos aguardam os pais, diante de policiais e ambulâncias, na Apalachee High School: manhã de pavor no retorno às aulas  (Crédito: Megan Varner/Getty Images/AFP)
Alunos aguardam os pais, diante de policiais e ambulâncias, na Apalachee High School: manhã de pavor no retorno às aulas (Crédito: Megan Varner/Getty Images/AFP)

Com pouco mais de 17 mil habitantes, a cidade de Winder, no estado da Geórgia, viveu ontem um dos dias mais sombrios em seus 131 anos de história. Um estudante de 14 anos abriu fogo dentro do prédio da Apalachee High School, matando dois outros alunos e dois professores e ferindo pelo menos nove pessoas. Jud Smith, xerife do condado de Barrow, disse que a polícia recebeu a primeira chamada sobre a existência de um atirador ativo na escola por volta das 10h20 (11h20 em Brasília).

 

"O suspeito está sob custódia e vivo. Relatos que ele tenha sido 'neutralizado' são imprecisos", anunciou o Comitê de Investigações da Geórgia (GBI, pela sigla em inglês). Mais tarde, as autoridades anunciaram que o assassino será julgado como adulto e descartaram ligação entre ele e as vítimas. Um segurança da escola confrontou o atirador, que se rendeu e deitou no chão. O atentado em Winder foi o 385º tiroteio em massa registrado nos Estados Unidos - uma média de 1,5 a cada dia em 12 meses. 

 

Lyela Sayarath, estudante da Apalachee High School, contou à rede de tevê CNN que estava na mesma sala que o atirador. De acordo com ela, o assassino deixou o ambiente no começo da aula de Álgebra 1, por volta das 9h45 (10h45 em Brasilia). Pouco antes do fim da aula, ele retornou à sala, trancada automaticamente por dentro. Uma garota tentou abrir a porta, mas deu um pulo para trás, ao perceber a arma.

 

Ela e os colegas se esconderam entre as carteiras e ouviram os disparos. "O professor apagou as luzes, mas todos nós meio que nos empilhamos. E tipo, eu empurrei as carteiras na nossa frente", relatou. Lyela disse que um amigo, que estuda em outra sala, estava muito abalado. "Ele viu alguém levar um tiro, tinha sangue e parecia mancar." Segundo Lyela, o assassino era menino "quieto e tímido", que dava respostas monossilábicas apenas quando faziam trabalhos em grupo. 

 

"Eu te amo"

 

Às 10h23 (hora local), Ethan Haney, 17 anos, enviou uma mensagem de texto para a mãe. "Tiroteio na escola. Estou amedrontado. Por favor, não estou brincando", escreveu. Erin Clark imediatamente respondeu para o filho: "Estou saindo do trabalho". Ethan, então, enviou nova mensagem dizendo que a amava. Erin perguntou onde ele estava. "Classe. Alguém está morto", relatou. Na tentativa de tranquilizá-lo, a mãe contou-lhe, minutos depois, ter visto viaturas da polícia no trajeto até a escola. 

 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, divulgou um comunicado em que condenou os tiroteios em massa. "O que deveria ter sido um retorno alegre à temporada escolar em Winder, na Geórgia, tornou-se outro lembrete horrível de como a violência armada continua a destruir nossas comunidades. Os estudantes de todo o país estão aprendendo a se agachar e se refugiar em vez de aprender a ler e escrever. Não podemos continuar aceitando isso como algo normal", advertiu.

 

Biden também cobrou do Congresso uma legislação para barrar as armas de assalto. "Depois de décadas de inação, os republicanos no Congresso devem, finalmente, dizer 'basta' e trabalhar com os democratas para aprovar uma legislação de bom senso sobre segurança de armas. Devemos proibir, mais uma vez, as armas de assalto e os carregadores de alta capacidade uma vez mais, exigir armazenamento seguro de armas de fogo, promulgar verificações universais de antecedentes e acabar com a imunidade dos fabricantes de armas", acrescentou. 

 

A vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, classificou o ataque como uma "tragédia sem sentido". "É simplesmente ultrajante que todos os dias em nosso país, nos Estados Unidos da América, os pais tenham de mandar os filhos à escola preocupados se eles voltarão para casa vivos ou não", declarou Kamala, durante comício em Portsmouth, no estado de New Hampshire. "Devemos pôr fim de uma vez por todas a esta epidemia de violência armada no nosso país. Não tem por que ser assim. Temos que parar com isso. Não tem de ser assim."

 

O magnata Donald Trump, candidato do Partido Republicano à Presidência dos EUA, também se pronunciou sobre o tiroteio na Geórgia. "Nossos corações estão com as vítimas e entes queridos daqueles afetados pelo trágico evento em Winder. Essas crianças queridas foram tiradas de nós cedo demais por um monstro doente e perturbado."

 

As informações são do Correio Braziliense.