GUERRA
Trabalhadores humanitários são mortos em ataque israelense a Gaza
Área de Mawasi, onde estava localizado o armazém de ajuda que foi bombardeado, havia sido designada como "zona humanitária" pelo próprio exército de Israel
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 12/07/2024 12:29
De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, 6.400 pessoas estão desaparecidas em Gaza desde o início da guerra (Foto: Jack Guez/AFP) |
Nesta sexta-feira, quatro trabalhadores humanitários palestinos morreram devido a um bombardeio das forças israelenses a um armazém de ajuda na área de Mawasi, destinada como "zona humanitária" pelo próprio exército de Israel, em uma área da cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Uma das vítimas era um funcionário da ONG britânica Al Khair.
As forças israelenses haviam ordenado a retirada para essa região de mais de um milhão de civis palestinos, incluindo os deslocados em Rafah, quando as suas tropas iniciaram uma operação militar na cidade, junto à fronteira com o Egito.
Esta não é a primeira vez que as forças israelenses matam trabalhadores humanitários em Gaza. Um dos casos mais divulgados e polêmicos envolveu a ONG World Central Kitchen, que perdeu sete dos seus trabalhadores em abril, seis deles estrangeiros, num ataque que o exército israelense atribuiu a uma "identificação errada". Este caso provocou uma forte condenação da comunidade internacional, mas desde o início da guerra já foram mortos centenas de trabalhadores humanitários palestinos, muitos deles da agência da Organização das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA).
Dezenas de corpos em escombros são encontrados
Os serviços de Defesa Civil de Gaza anunciaram hoje que acharam mais 60 cadáveres no bairro de Tal al-Hawa, uma zona predominantemente industrial no sul da cidade de Gaza. A Defesa Civil de Gaza denunciou a existência de famílias inteiras martirizadas sob os escombros após os ataques aéreos do exército israelense em apoio às suas forças terrestres.
As operações de salvamento em Tal al-Hawa começaram nesta madrugada, depois de os serviços de emergência terem confirmado a retirada dos militares do bairro. Mas, algumas partes do bairro continuam inacessíveis, uma vez que várias unidades de franco-atiradores israelenses ainda se encontram nas proximidades.
O porta-voz da Defesa Civil palestina, Mahmoud Basal, comunicou que a equipe tinha descoberto corpos carbonizados e provas de que as forças israelenses tinham aberto fogo contra "pessoas que apenas procuravam comida.
O exército israelense não comentou sobre estas acusações.
Na quinta-feira, a Defesa Civil também revelou que descobriu corpos de 60 outros palestinos sob os escombros de vários edifícios no bairro de Shujaiya, também na cidade de Gaza, de onde o exército israelense informou ter se retirado na quarta-feira depois de duas semanas de ofensiva militar. Segundo ainda a Defesa Civil, 85% dos edifícios de Shujaiya estão agora inabitáveis, e todas as infraestruturas foram demolidas.
De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, 6.400 pessoas estão desaparecidas em Gaza desde o início da guerra, muitas delas provavelmente estão entre os escombros, foram sepultadas sem identificação ou podem ter sido detidas por Israel.
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS