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Protestos em Bangladesh já causaram 75 mortes

Nesta sexta-feira (19), um grupo de manifestantes invadiu uma prisão no centro do país e libertou os detidos

Publicado em: 19/07/2024 17:06

Manifestantes anti-cotas entram em confronto com a polícia em Dhaka (Foto: AFP)
Manifestantes anti-cotas entram em confronto com a polícia em Dhaka (Foto: AFP)
Após dezenove dias das manifestações do movimento estudantil que ocorrem em Bangladesh, os confrontos entre as forças de segurança do país e os estudantes que protestam contra o sistema de cotas no serviço público, que segundo eles favorece os membros do regime no poder, já causaram um saldo de 75 mortos e mais de mil feridos. 
 
Nesta sexta-feira, um grupo de manifestantes invadiu uma prisão no centro do país, no distrito de Narsingdi, e libertaram os detidos. As autoridades locais reagiram e proibiram hoje todas as concentrações e reuniões públicas na capital Daca. 
 
No início da semana, o governo ordenou o fechamento de escolas e universidades e, na quinta-feira, também cortou a internet depois de violentos distúrbios que culminaram com a sede da televisão estatal, um batalhão de polícia e vários edifícios governamentais terem sido incendiados pelos estudantes.
 
A polícia anunciou ainda a detenção de um dos principais opositores ao governo, Ruhul Kabir Rizvi Ahmed, dirigente do Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP). "Ele tem centenas de processos", disse Faruk Hossain, porta-voz da polícia em Daca.
 
Mas, apesar das medidas de repressão, a contestação dos estudantes continua por todo o país asiático e muçulmano de 170 milhões de habitantes, que é atingido por um desemprego massivo entre os diplomados.
 
O alto-comissário da Organização das Nações Unidas para os direitos humanos, Volker Turk, condenou hoje a repressão e criticou os ataques que considerou, particularmente, chocantes e inaceitáveis contra os manifestantes estudantis.
 
"As manifestações são enormes e é talvez o mais sério desafio enfrentado pela primeira-ministra Sheikh Hasina, no poder desde 2009”, declarou Pierre Prakash, diretor do Crisis Group na Ásia.
 
As manifestações quase diárias se iniciaram no começo de julho e visam obter o fim das cotas de admissão no funcionalismo público, com mais de metade reservadas a grupos específicos, em particular aos filhos dos veteranos da guerra de libertação do país contra o Paquistão em 1971 e que favorecem as elites próximas do poder.
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