GUERRA
Israel quer controle em Gaza na fronteira com Egito para aceitar acordo de cessar-fogo
Condição entra em conflito com uma das reivindicações do Hamas, que quer a retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza após o cessar-fogo
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 12/07/2024 12:49
Israel deve manter o controle do território em Gaza ao longo da fronteira com o Egito para que haja um cessar-fogo, determinou Netanyahu (Foto: Jalaa Marey/AFP) |
Dentre as exigências para concordar com um acordo de cessar-fogo no enclave palestino, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que Israel deve manter o controle do território em Gaza ao longo da fronteira com o Egito.
No entanto, essa é uma condição que entra em conflito com uma das reivindicações do Hamas, que quer a retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza após o cessar-fogo.
Já Netanyahu alega que este controle é essencial para impedir a entrada de armas para o Hamas, que vem do Egito, sendo uma das quatro condições para firmar um acordo com o grupo, apesar de não ter dito se esta medida seria permanente. Esta é a primeira vez que Tel Aviv insiste categoricamente em manter o controle do lado palestino da passagem de Rafah com o Egito e do chamado corredor de Filadélfia ao longo da fronteira.
O primeiro-ministro disse que os negociadores de Israel, liderados por David Barnea, chefe da Mossad, o serviço secreto do país, estiveram no Catar para defender o que ele chamou de quatro “princípios rígidos”, com a condição vital de que Israel pudesse continuar a combater até serem cumpridos os seus objetivos de destruir o Hamas e trazer para casa todos os reféns. Segundo Netanyahu, os outros objetivos são também não permitir que o Hamas se reagrupe no norte de Gaza e garantir que um número máximo de reféns seja libertado. “A ambiguidade e a hesitação não nos trouxeram conquistas até agora e não trarão conquistas no futuro. Estou comprometido com um esboço para a libertação dos nossos reféns, mas os terroristas do Hamas continuam a insistir em exigências que contradizem o esboço e ameaçam a segurança de Israel”, afirmou Netanyahu.
Em contrapartida, o Hamas propôs que um governo independente, formado por integrantes que não pertençam a algum partido, administrasse a Faixa de Gaza e a Cisjordânia no pós-guerra. “Propusemos que um governo apartidário com competência nacional governasse Gaza e a Cisjordânia depois da guerra”, disse Hossam Badran, membro do braço político do grupo, sobre as negociações em curso entre Israel e o Hamas sob a mediação do Catar, do Egito e dos Estados Unidos.
“A administração de Gaza depois da guerra é um assunto interno palestino que não deve sofrer qualquer interferência externa, e não discutiremos o pós-guerra em Gaza com qualquer parte estrangeira”, acrescentou Badran.
Enquanto isso, os Estados Unidos manifestaram um otimismo cauteloso sobre as conversações em Doha. Washington também desbloqueou na quinta-feira a entrega de um carregamento de bombas de 226 quilos a Israel, que estava suspensa desde por causa da intensa ofensiva terrestre em Rafah. Por outro lado, o Departamento de Estado norte-americano anunciou novas sanções aos extremistas israelenses acusados de incitar à violência contra palestinos civis na Cisjordânia.
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