GUERRA
Conselho de Segurança da ONU debate situação no Oriente Médio
O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu para o risco de danos irreparáveis do avanço israelense na Cisjordânia ocupada
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 17/07/2024 16:34
António Guterres, secretário-geral da ONU (Foto: AFP/Angela Weiss) |
No debate trimestral do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Oriente Médio, com foco na questão palestina, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu para o risco de danos irreparáveis do avanço israelense na Cisjordânia ocupada.
"Os desenvolvimentos recentes estão colocando em jogo qualquer perspectiva de uma solução de dois Estados. A geografia da Cisjordânia ocupada está sendo constantemente alterada através de medidas administrativas e legais israelenses", pontuou o discurso de Guterres.
O líder da ONU disse ainda que as medidas israelenses minam a Autoridade Palestina, paralisa a economia dos territórios ocupados e provoca instabilidade, acrescentando também que Israel aprovou uma série de ações punitivas contra a liderança política palestina. Além dessas medidas, estão incluídos cinco novos postos israelenses na Cisjordânia ocupada, o avanço de milhares de unidades habitacionais em assentamentos e demolições em partes da região.
Guterres alertou sobre a tomada de grandes parcelas de terra em áreas estratégicas e para as mudanças no planejamento, gestão de terras e governança, que deverão acelerar significativamente a expansão dos assentamentos. “Há um avanço significativo na transferência de autoridade em curso sobre muitos aspectos da vida cotidiana na Cisjordânia ocupada, e mais um passo no sentido da extensão da soberania israelense sobre este território ocupado", observou.
O chefe da ONU indicou a persistência de elevados níveis de violência na Cisjordânia ocupada, por forças de segurança israelenses, colonos e grupos armados palestinos. São até o momento 557 palestinos, incluindo 138 crianças, mortos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. As Nações Unidas assinalou que a maioria foi morta no contexto das operações de segurança israelenses, num total de 540 mortos, além de 10 por colonos israelenses e sete cuja autoria permanece desconhecida. Já os israelenses mortos contabilizam 22.
Já o chefe de gabinete do secretário-geral, Earle Courtenay Rattray, apresentou que a situação na guerra na Faixa de Gaza mostra que o sistema de apoio humanitário está próximo do colapso total, Rafah está em ruínas e a passagem para a cidade continua interrompida, cerca de dois milhões de pessoas foram deslocadas, toda Gaza é um local extremamente inseguro e a violência por parte do Hamas não é justificada nem a punição coletiva do povo palestino.
Guterres reiterou os apelos a um cessar-fogo no enclave palestino, avaliando que a situação humanitária da região é uma mancha moral para todos. "Nenhum lugar em Gaza é seguro. As doenças transmissíveis estão aumentando. A ilegalidade e a criminalidade são galopantes. Há um colapso total da ordem pública e o espetro de novas repercussões regionais aumenta a cada dia", refletiu.
Segundo dados do Ministério da Saúde em Gaza, são mais de 38 mil mortos, cerca de 87 mil feridos e milhares de desaparecidos, muitos dos quais são mulheres e crianças.
Além disso, mais de 1.500 israelenses e cidadãos de outras nacionalidades foram mortos, segundo fontes das autoridades de Israel, com mais de 7 mil feridos e 125 reféns ainda detidos em Gaza.
"E esta terrível guerra tem de acabar. Garantir que a governação seja restaurada em Gaza sob um governo palestino único e legítimo é essencial para esse esforço", concluiu Guterres, que defendeu a solução de Dois Estados, com Israel e um Estado Palestino "independente, democrático, contíguo, viável e soberano, vivendo lado a lado em paz e segurança, num ambiente seguro e fronteiras reconhecidas, com base nas linhas anteriores a 1967, com Jerusalém como capital de ambas".
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