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Argentina acusa governo venezuelano de assédio à sua embaixada

No local, estão asilados seis opositores de Nicolás Maduro, que sairão do país com os funcionários diplomáticos após a ordem de retirada dada pelo governo

Publicado em: 30/07/2024 17:24

Residência do embaixador da Argentina em Caracas, na Venezuela (Foto: Federico Parra/AFP)
Residência do embaixador da Argentina em Caracas, na Venezuela (Foto: Federico Parra/AFP)
A Argentina denunciou nesta terça-feira assédio contra a sua embaixada em Caracas, na Venezuela, onde se encontram asilados seis opositores do presidente Nicolás Maduro, e que sairão do país juntamente com os funcionários diplomáticos, depois da ordem de retirada pelo governo venezuelano.
 
"A Argentina repudia o assédio à sua sede diplomática em Caracas, na sequência da decisão do regime de Maduro de interromper o fornecimento de eletricidade", anunciou em comunicado a chancelaria argentina, alertando ainda a Venezuela contra qualquer ação deliberada que ponha em risco a segurança do pessoal diplomático argentino e dos cidadãos venezuelanos sob proteção.
 
O pronunciamento do Ministério das Relações Exteriores da Argentina acontece apos um incidente que ocorreu na segunda-feira, no qual, conforme denunciado por um dos requerentes de asilo e corroborado pela dirigente anti-chavista María Corina Machado, homens armados e encapuzados tentaram ‘tomar’ o prédio da embaixada argentina.
 
No entanto, depois dos apelos de diversos manifestantes da oposição no local, estes homens, que presumiram serem membros das forças de segurança da Venezuela, retiraram-se.
 
Um dos requerentes de asilo, Pedro Urruchurtu, delatou hoje na rede social X que o fornecimento de eletricidade foi cortado na sede da embaixada argentina em Caracas, onde se encontra juntamente com outros cinco colegas, que são Humberto Villalobos, Claudia Macero, Omar González, Fernando Martínez Mottola e Magallí Meda, esta última a chefe da campanha eleitoral da opositora María Corina Machado. "Responsabilizamos o regime pelo cerco a esta sede diplomática, em violação do direito internacional e da convenção de Caracas sobre asilo diplomático, e por tudo o que nos possa acontecer aqui", disse Urruchurtu.
 
“A condição é extremamente sensível e o governo está acompanhando com grande atenção a situação dos seis venezuelanos em asilo na sede diplomática. Quando os diplomatas são retirados, os requerentes de asilo têm de ser retirados, pelo que não há outra decisão que não seja continuar a protegê-los, um assunto extremamente sensível que, para além da nossa responsabilidade e do nosso compromisso com eles, estamos a avaliar minuto a minuto o desenrolar dos acontecimentos e que solução encontramos para esta situação absolutamente lamentável”, relatou Manuel Adorni, porta-voz da presidência argentina.
 
O regime de Nicolás Maduro exigiu na segunda-feira que a Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai retirem imediatamente os seus representantes do território venezuelano, alegando repúdio pelas suas ações e declarações ‘ingerencistas’ relativas às eleições presidenciais realizadas no domingo passado.
 
De acordo com os resultados oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o presidente Maduro, no poder desde 2013, foi reeleito, poém a oposição e boa parte da comunidade internacional contestam. A principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), garantiu que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, ganhou a presidência por uma ampla margem (73%) e criou uma página na internet na qual divulgou os resultados eleitorais para reforçar a sua afirmação.
 
Além disso, pelo menos 749 pessoas já foram presas na Venezuela nas últimas horas, quando numerosos protestos foram realizados em diversas regiões do país contra o resultado eleitoral. Também a organização venezuelana de defesa dos direitos humanos Foro Penal afirmou hoje que pelo menos seis pessoas, incluindo dois menores, morreram durante as manifestações, além de dezenas de pessoas que foram feridas.
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