GUERRA
Extrema-direita israelense pressiona Netanyahu para confrontar o Hezbollah
Exigência dos políticos de extrema-direita acontece logo depois da reunião do ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, na Casa Branca
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 28/06/2024 16:52
Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (Foto: Emmanuel Dunand/AFP ) |
Durante uma reunião do Gabinete de Segurança, a ala extrema-direita do governo de Israel pressionou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para iniciar uma ofensiva em grande escala contra o Hezbollah, no Líbano. "Não aprendemos nada com os últimos 20 anos de acordos. Dentro de um ou dois anos, eles violarão as nossas mulheres e assassinarão os nossos filhos. Um acordo com o Hezbollah levará a outro 07 de outubro. Não é possível chegar a um acordo com os nazis", afirmou o ministro da Segurança Nacional, Ben Gvir, citado pela mídia de Israel.
Mas, de acordo ainda pelo jornal israelense The Times of Israel, Netanyahu disse na reunião, que alcançar um acordo diplomático em condições apropriadas é o melhor contexto para Israel.
Já a exigência dos políticos de extrema-direita acontece logo depois da reunião do ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, na Casa Branca, onde apontou que Israel defende uma solução diplomática com o grupo antes de declarar uma guerra aberta. Mas Gallant indicou em Washington que seu país tem meios para fazer o Líbano voltar “à idade da pedra”, apesar de não querer entrar em guerra porque isso não é bom para Israel. No entanto, na semana passada, o Exército israelense informou ter aprovado e validado planos para uma ofensiva no Líbano, apesar de a decisão pertencer à liderança política do país. Na ocasião, Netanyahu, alertou que o Exército israelense está preparado para uma ação muito poderosa na fronteira com o Líbano.
Em resposta, o número dois do Hezbollah, Naim Qassem, assegurou que uma expansão do conflito implicaria na devastação e destruição em Israel.
A fronteira entre Israel e o Líbano enfrenta a maior tensão desde 2006, com uma intensa troca de tiros entre as forças israelenses e o Hezbollah, que se agravou ainda mais nas últimas semanas. Na quinta-feira foi mais um dia marcado pelo fogo cruzado, quando o Hezbollah lançou cerca de trinta foguetes contra Israel após a morte de três dos seus membros em ataques israelenses.
Por sua vez, o Exército israelense disse hoje que também vários projéteis antitanque foram lançados do Líbano em direção à região da Galiléia, sem registrado de vítimas. “Os soldados identificaram terroristas que operavam dentro de uma estrutura militar do Hezbollah na zona de Kfarkela, no sul do Líbano”, diz a nota.
Além disso, os bombardeios e ataques diários na área da fronteira entre os dois países já fizeram com que mais de 60 mil israelenses que vivem em comunidades do norte de Israel permanecessem fora da região mais de oito meses depois. Já a comunidade internacional receia que esta escalada leve a uma guerra ostensivamente aberta.
Enquanto isso, o navio norte-americano USS Wasp chegou nesta sexta-feira ao leste do Mediterrâneo para se juntar a diversos outros navios de guerra dos Estados Unidos na perspectiva de uma guerra generalizada no Oriente Médio. O Wasp é um navio capaz de efetuar a retirada de civis no caso de um conflito em larga escala entre Israel e o Hezbollah, mas visa ainda dissuadir e conter um possível cenário de guerra. O navio também foi acompanhado por outra embarcação de transporte e desembarque USS New York, que pode deslocar tropas por helicóptero ou por meio de lanchas de desembarque.
“Qualquer ofensiva militar israelense no Líbano podia implicar uma resposta do Irã em defesa do Hezbollah, motivando um conflito generalizado que poderia colocar em perigo as forças norte-americanas estacionadas na região”, avaliou o general Charles Q. Brown, chefe de estado-maior das Forças Armadas dos EUA.
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