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Hamas considera 'positiva' nova proposta de Israel para trégua em Gaza

Plano de três fases proposto por Israel foi revelado nesta sexta-feira (31) pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden

Publicado em: 31/05/2024 21:20


O conflito entre o Hamas e Israel eclodiu em 7 de outubro de 2023 (foto: Omar AL-QATTAA / AFP)
O conflito entre o Hamas e Israel eclodiu em 7 de outubro de 2023 (foto: Omar AL-QATTAA / AFP)

O Hamas afirmou nesta sexta-feira (31) que a nova proposta israelense para um cessar-fogo em Gaza é "positiva", depois que o presidente americano Joe Biden revelou seu conteúdo e exortou o movimento islamista palestino a aceptá-la após quase oito meses de guerra.

 

Em discurso na Casa Branca, Biden indicou que as diretrizes israelenses tinham sido transmitidas ao Hamas através do Catar, que atua como mediador. 

 

Suas declarações acontecem horas depois de as tropas israelenses chegarem ao centro de Rafah, intensificando sua guerra contra o Hamas apesar dos apelos internacionais para deter a ofensiva terrestre nessa cidade do sul de Gaza.

 

Segundo Biden, o plano de três fases proposto por Israel começaria com uma trégua que incluiria a retirada das tropas israelenses das áreas povoadas de Gaza por seis semanas e a troca de alguns reféns mantidos pelo Hamas por presos palestinos.

 

 

 

O cessar-fogo temporário poderia se tornar "permanente" se o Hamas "respeitar seus compromissos", detalhou o presidente americano. A fase seguinte, explicou, incluiria a libertação de todos os reféns.

 

O grupo islamista, que governa Gaza desde 2007, avalia "de maneira positiva" os pontos apresentados por Biden sobre "um cessar-fogo permanente, a retirada das forças israelenses de Gaza, a reconstrução e a troca de prisioneiros", conforme afirmou em um comunicado.

 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que espera que os últimos gestos "levem a um acordo entre as partes para uma paz duradoura", informou seu porta-voz Stéphane Dujarric.

 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou, contudo, que a guerra só vai terminar com a "eliminação" política e militar do Hamas, que governa Gaza desde 2007.

 

O conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando comandos islamistas mataram 1.189 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em informações oficiais israelenses.

 

Os islamistas também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 seguem como reféns em Gaza, das quais 37 teriam morrido.

 

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel prometeu "aniquilar" o movimento e lançou uma ofensiva aérea e terrestre que já provocou 36.284 mortes em Gaza, segundo o Ministério de Saúde do território palestino. 

 

 

'Está na hora desta guerra acabar'

 

"Está na hora desta guerra acabar, de que comece o dia seguinte", ressaltou Biden na Casa Branca. "Não podemos deixar passar este momento", acrescentou. O novo plano proposto por Israel vem à tona após fracassos reiterados para pôr fim à guerra.

 

A presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, aplaudiu a estratégia "equilibrada e realista" apresentada por Biden e assinalou que era uma "oportunidade significativa para acabar com a guerra".

 

O grupo islamista, considerado uma organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, insiste em que qualquer cessar-fogo deve ser permanente.

 

Seu líder político, Ismail Haniyeh, reiterou nesta sexta-feira que as principais demandas de sua organização - que incluem o cessar-fogo permanente e a retirada total de Israel - "são inegociáveis".

 

Em várias partes do sul de Gaza, a vida se tornou "apocalíptica" desde o início da ofensiva terrestre israelense contra Rafah no início de maio, alertou o Programa Mundial de Alimentos da ONU.

 

O Exército israelense anunciou hoje que seus "comandos estão operando no centro" da localidade, onde "destruíram um depósito de armas" do Hamas.

 

Também reportou a morte de dois soldados em Gaza, o que eleva para 292 o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre no fim de outubro.

 

Antes de a operação israelense iniciar em Rafah, a ONU estimou que 1,4 milhão de pessoas buscavam refúgio na cidade. Desde então, um milhão já teria fugido do local, segundo a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

 

Testemunhas relataram bombardeios israelenses nas imediações de Rafah e em Nuseirat, no centro do território palestino.

 

 

Crise humanitária

 

A operação terrestre em Rafah permitiu que Israel tomasse o controle do corredor Filadélfia, uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e Egito.

 

O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, acusou o Hamas de usar esse corredor para transportar armas para a Faixa de Gaza através de túneis.

 

O presidente egípcio, Abdel Fattah al Sissi, negou a existência destes túneis e acusou Israel de procurar justificativas para sua ofensiva em Rafah.

 

Egito e Israel culpam-se mutuamente pelo bloqueio da passagem fronteiriça de Rafah, crucial para a entrada de ajuda humanitária em Gaza e fechada desde que o Exército assumiu o controle do lado palestino no início de maio.

 

A ONU alerta frequentemente para o risco de fome em Gaza, que está sob cerco israelense quase desde o início do conflito, em outubro.

 

O Escritório das Nações Unidas de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, sigla em inglês) afirmou que "a ajuda que entra [em Gaza] não chega à população".

 

Na frente diplomática, o Parlamento de Eslovênia, país-membro da UE e da Otan, votará na terça-feira uma moção para reconhecer o Estado palestino, depois que Espanha, Irlanda e Noruega o fizeram.

 

Ademais, nos Estados Unidos, os líderes dos democratas e republicanos no Congresso convidaram Netanyahu para pronunciar um discurso dentro de algumas semanas aos legisladores.

 

O conflito também fez a violência disparar na Cisjordânia e na fronteira entre Israel e Líbano, onde bombardeios israelenses mataram quatro pessoas nesta sexta, segundo o movimento islamista Hezbollah, aliado do Hamas.

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