GUERRA
Relatora da ONU pede a UE que suspenda acordo com Israel e diz que o país comete genocídio
Reivindicação foi seguida da apresentação de um relatório que a relatora diz provar que Israel está cometendo "genocídio" contra a população palestina
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 10/04/2024 12:13
Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados (Foto: Loey Felipe/ONU) |
Nesta quarta-feira (10), a relatora especial da Organização das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, exigiu, no Parlamento Europeu, que a União Europeia (UE) suspenda o acordo de associação com Israel em resposta ao "genocídio" em Gaza.
A reivindicação foi seguida da apresentação de um relatório que, de acordo com a relatora da ONU, tem provas suficientes de que Israel está cometendo “genocídio" contra a população palestina. Na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, juntamente com o presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com a Palestina, Manu Pineda, Albanese insistiu que a comunidade internacional tem de impor sanções a Tel Aviv para obrigar Israel a voltar a cumprir o Direito Internacional. "É a única coisa que pode garantir segurança e liberdade a todos aqueles que vivem entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo", indicou.
Albanese também considerou essencial explorar respostas no âmbito da Carta das Nações Unidas para reagir à ofensiva na Faixa de Gaza, que já causou mais de 33 mil mortos, a maioria dos quais civis, sendo 14 mil crianças, além de mais de 76 mil feridos, em apenas seis meses. Entre as propostas da relatora das Nações Unidas se encontram a retirada do reconhecimento diplomático, sanções contra altos responsáveis, sanções econômicas e suspensão de relações institucionais e do acordo de associação União Europeia-Israel.
“Existem condições para suspender este acordo, que rege as relações entre a UE e Israel, já que, antes dos ataques do Hamas, em 7 de outubro, Israel já cometia crimes de guerra ao criar e manter assentamentos ilegais e obrigando à deslocação de palestinos”, disse.
A relatora da ONU ainda advertiu que a falta de medidas para impor um cessar-fogo, seguindo a ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) de janeiro passado, está corroendo o sistema jurídico internacional, que preservou a paz e a estabilidade no Ocidente desde a II Guerra Mundial. Albanese ressaltou que as sociedades europeias têm apelado a uma reação mais forte à guerra em Gaza, defendendo que o momento atual é um ponto de viragem. "É apenas uma questão de tempo até percebermos que manter as relações habituais com Israel são prejudiciais à democracia e às sociedades palestinas e israelitas", afirmou.
Por sua vez, Pineda criticou a inação do Parlamento Europeu e da própria UE em relação à situação em Gaza, alegando que as duas instituições não reconhecem aquilo que o mundo inteiro já reconhece. “É uma vergonha que a UE ainda não tenha apelado a um cessar-fogo incondicional, permanente e imediato", declarou Pineda.
Recentemente, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, alertou que há indícios de que o governo israelita usa a fome como arma de guerra em Gaza. A Human Rights Watch, uma das mais respeitadas organizações do mundo, endossou que o governo de Israel está usando a fome de civis como estratégia de guerra na Faixa de Gaza ocupada, o que é um crime de guerra, disse a Human Rights Watch. “As forças israelenses estão deliberadamente bloqueando a entrada de água, alimentos e combustível, enquanto impedem intencionalmente a assistência humanitária, aparentemente arrasando áreas agrícolas e privando a população civil de insumos indispensáveis à sua sobrevivência”, acusou Human Rights Watch.
Ruínas, fome e doenças assolam Gaza
A população da Faixa de Gaza se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, de alimentos, medicamentos e eletricidade. A operação israelita no enclave palestino também destruiu a maioria das infraestruturas de Gaza e cerca de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade da maioria de habitantes do território, controlado pelo Hamas desde 2007.
COMENTÁRIOS
Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS