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GUERRA

Nações Unidas apelam por doações a Gaza

ONU alertou que a catástrofe humanitária Gaza continua e as atividades das agências humanitárias estão em risco

Publicado em: 16/04/2024 17:28

 (Foto: AFP)
Foto: AFP
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançará um pedido de doações de 2,8 bilhões de dólares para ajudar a população na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, anunciou hoje Andrea de Domenico, chefe do escritório humanitário na Palestina. "Amanhã publicamos o pedido de doações até ao final do ano. Juntamente com a comunidade humanitária, pedimos 2,8 bilhões de dólares para ajudar três milhões de pessoas identificadas na Cisjordânia e em Gaza. Obviamente, 90% são para Gaza", disse  Domenico.
 
A ONU alertou que com as atenções internacionais centralizadas agora nas tensões entre Irã e Israel, a catástrofe humanitária Gaza continua e as atividades das agências humanitárias estão em risco. De acordo com os registros, mais de 33 mil pessoas morreram, quase 78 mil feridos, sendo mil crianças amputadas, 1,7 milhões estão deslocadas e 1,1 milhões em risco imediato de morrer de fome no enclave palestino.
 
O relatório divulgado hoje pela UN Women estima que mais de 10 mil mulheres foram mortas em Gaza.  "Seis meses após o início da guerra, 10 mil mulheres palestinas em Gaza foram mortas, entre as quais cerca de 6 mil mães, deixando 19 mil crianças órfãs. Uma criança é ferida ou morre a cada 10 minutos. As mulheres que sobreviveram aos bombardeios sofrem diariamente de fome, doença e medo constante. A guerra em Gaza é, sem dúvida, uma guerra contra as mulheres, que estão pagando um preço elevado por uma guerra que não é da sua responsabilidade", diz o documento.
 
"Esta é uma crise sem precedentes e é uma situação completamente criada pelo homem, isto não é uma catástrofe natural", afirmou Jonathan Fowler, porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (ACNUR).
 
Em Gaza, praticamente todas as infraestruturas que permitiam as condições básicas de vida foram destruídas: não há supermercados, farmácias e quase todos os hospitais foram destruídos; os campos agrícolas foram devastados ou abandonados à força e poços artesanais de água e armazéns com mantimentos foram também bombardeados. A maior parte da população de Gaza se encontra concentrada em campos de refugiados improvisados em Rafah, no sul do território. As famílias estão limitadas no máximo a apenas uma refeição por dia à base da farinha, pouca água, além das condições insalubres, falta de cuidados médicos disponíveis e proliferação de doenças e epidemias.
 
"Eu já trabalhei em desastres naturais, em que a ONU não consegue fazer a distribuição de alimentos por causa de furacões ou estradas destruídas, mas neste caso, isto é literalmente o resultado do cerco apertado à Gaza que faz com que a quantidade de ajuda humanitária que entra é absolutamente insuficiente para amenizar as necessidades da população", diz Fowler.
 
De acordo com o Programa Alimentar Mundial da ONU, a subnutrição das crianças na Faixa de Gaza está se alastrando a um ritmo recorde. São já cerca de 30% dos menores de dois anos que sofrem de subnutrição aguda.
 
A ONU estima que sejam necessários pelo menos 500 caminhões de ajuda humanitária diários para ajudar a abrandar a situação catastrófica em Gaza. Atualmente, a média é de 161 por dia, segundo a ACNUR, que acrescenta que todas as organizações humanitárias sofrem de restrições e impedimentos impostos pelas autoridades israelitas para que o auxílio chegue.
 
O exercito de Israel ainda impede a entrada de equipes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prestam serviços médicos e analisam os danos nos hospitais e centros de saúde. A ONU teve que suspender inclusive uma missão da OMS ao hospital de Al-Shifa, o maior do enclave, após o cerco israelita, devido a entraves impostos pelas forças de Israel, que incluíram a detenção de membros da equipe durante várias horas.
 
Fowler descreveu que Israel criou uma situação de perigo e insegurança para as equipes humanitárias, antes consideradas protegidas, com relatos do Crescente Vermelho e dos Médicos Sem Fronteiras, com ataques a comboios de voluntários, como no caso dos trabalhadores da ONG WCK, mortos em um ataque israelita que foi criticado e condenado pelo mundo. O exército de Israel admitiu o erro e puniu os responsáveis. 
 
A ONU informou que quase 200 funcionários humanitários já foram mortos durante a operação israelita, o número mais alto em qualquer conflito.
 
Os EUA pressionaram Tel Aviv a permitir a entrada de mais ajuda, mais a situação permanece ainda muito grave. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou que os níveis de ajuda humanitária que estão melhorando, mas que os mesmo ainda precisam crescer e Washington trabalha para isso.
 
Agência da ONU pode estar com os dias contados em Gaza
 
Ao fim de mais de seis meses de guerra a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) assegura estar em risco de sobrevivência. "As autoridades israelitas dizem que não querem a UNRWA em Gaza, a agência também está sob pressão para cessar atividades na Cisjordânia", disse Phillippe Lazzarini, secretário-geral da UNRWA.
 
No dia 12 de abril, Lazzarini disse que a UNRWA pode ter que fechar portas em apenas 30 dias. "É uma corrida contra o tempo. Com vontade política, podemos aumentar a ajuda humanitária, e com vontade política podemos evitar uma fome criada pelo homem", alertou. Entretanto, sem a presença da maior e mais antiga agência de apoio aos refugiados palestinos se estima que a fome atinja completamente Gaza no espaço de um mês.
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