GUERRA
EUA exigem investigação rápida e transparente a Israel ao ataque a comboio de ajuda humanitária
Secretário da Defesa norte-americano pediu medidas concretas para proteger os trabalhadores humanitários e os civis palestinos na Faixa de Gaza
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 04/04/2024 13:48 | Atualizado em: 04/04/2024 15:21
Foto: Drew Angerer/Getty Images/AFP |
Nesta quinta-feira, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, instou o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, a tomar medidas concretas para proteger os trabalhadores humanitários e os civis palestinos na Faixa de Gaza depois de consecutivas falhas de coordenação. “O secretário Austin expressou a sua indignação com o ataque israelita a um comboio de ajuda humanitária da World Central Kitchen, que matou sete trabalhadores, incluindo um cidadão americano”, diz o comunicado do Pentágono, que adianta ainda que Austin exigiu que o governo de Israel conduza uma investigação rápida e transparente e, que compartilhe publicamente as conclusões e responsabilize os culpados.
O apelo à adoção de medidas se segue após o ataque israelense que matou sete trabalhadores da ONG norte-americana World Central Kitchen (WCK) em Gaza.
O fundador da WCK, José Andrés, afirmou que o carro onde seguiam os trabalhadores humanitários estava identificado e que o exército israelita estava informado das deslocações da equipe, tendo inclusive forças israelenses conhecimento prévio dos movimentos do comboio. Andrés disse que os seus funcionários foram sistematicamente alvo de ataques, sendo atacado pelo menos três vezes ao longo de quase dois quilômetros.
São quase 200 o número de trabalhadores humanitários mortos desde o início do conflito em Gaza, o maior já registrado no mundo. Diante da situação, várias organizações humanitárias que trabalham em Gaza também exigiram a Israel que siga os procedimentos de resolução de conflitos, melhore os procedimentos de segurança de modo a manter os seus trabalhadores seguros e respeite as leis da guerra.
No entanto, algumas ONGs humanitárias decidiam suspender as operações por questão de segurança, como a própria WCK, a Anera (American Near East Refugee Aid) e a ONU, que informou ontem a suspensão temporária.
“O sistema de resolução de conflitos funciona se Israel quiser. Queremos que Israel cumpra o sistema existente, em que os notificamos e eles não nos atinja. Mas, não creio que seja um problema do sistema. Acho que há uma relutância em respeitar o sistema e os locais fornecidos”, apontou Bushra Khalid, conselheiro político da ONG Oxfam para os territórios palestinos ocupados.
Os Médicos Sem Fronteiras rejeitaram a afirmação de Israel de que um ataque aéreo que matou sete trabalhadores humanitários foi um "incidente lamentável". O MSF garantiu que muitas equipes humanitárias já foram atacadas anteriormente.
A interrupção das operações agrava a situação da população em Gaza, onde pelo menos 1,1 milhões de pessoas, que corresponde a cerca da metade da população, estão em situação de fome catastrófica, segundo alertou as Nações Unidas.
O exército israelita admitiu ter cometido um “erro grave” e o presidente israelita, Isaac Herzog, apresentou as suas "sinceras desculpas" e "profunda tristeza" pelo ataque após a condenação da comunidade internacional. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu num primeiro momento alegou que "isso acontece em guerras", porém com a expressiva repercussão negativa mundial, veio a público e descreveu o incidente como "não intencional" e "trágico".
A poucos dias de se completar os seis primeiros meses de conflito já morreram 33.037 palestinos desde o inicio da operação israelita. De acordo com o último balanço, o número de feridos agora são 75.688. Somente nas últimas 24 horas morreram 62 pessoas.
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