ESTADOS UNIDOS

EUA aplica sanções a conselheiro de ministro israelense e ONGs de extrema-direita

Benzi Gopstein também já foi condenado por incitamento ao racismo quando afirmou que a Esplanada das Mesquitas era "o maior tumor cancerígeno" de Israel

Publicado em: 19/04/2024 14:51 | Atualizado em: 19/04/2024 15:17

Benzi Gopstein, conselheiro do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir (Foto: Menahem Kahana/AFP)
Benzi Gopstein, conselheiro do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir (Foto: Menahem Kahana/AFP)
O governo dos Estados Unidos anunciou hoje sanções contra Benzi Gopstein, conselheiro do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir. Segundo o jornal israelense Haaretz, Gopstein também já foi condenado por incitamento ao racismo, quando em 2014 afirmou que a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, chamada de Monte do Templo pelos judeus e Nobre Santuário pelos muçulmanos, era "o maior tumor cancerígeno" de Israel. O ministro Ben-Gvir também é um extremista radical que já enfrentou dezenas de acusações de discurso de ódio contra árabes e conta com o apoio de supremacistas judeus. 
 
Washington ainda avançou com sanções as organizações não-governamentais de extrema-direita Mount Temple Fund e Shlom Asiraich, que atuam, sobretudo, na construção de postos avançados israelenses na Cisjordânia, classificados como ilegais pela maioria da comunidade internacional e a ONU.
 
Desde dezembro do ano passado, os EUA começaram a impor proibições de vistos a pessoas envolvidas em atos de violência na Cisjordânia ocupada por Israel, que são considerados uma ameaça à estabilidade da região. O governo israelense condenou a ação.
Em fevereiro deste ano, os EUA ampliaram as sanções contra mais colonos israelenses, com o congelamento de bens entre outras medidas, assim como o Reino Unido.  O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aplicou as sanções contra quatro colonos judeus que atacaram e praticaram atos de violência contra palestinos na Cisjordânia ocupada. A medida, na época, desagradou à ala mais radical do governo israelense. 
 
"A campanha de 'violência dos colonos' é uma mentira anti-semita que os inimigos de Israel disseminam com o objetivo de difamar os colonos pioneiros e as empresas de colonização, para prejudicá-los e assim difamar todo o Estado de Israel", reagiu Bezael Smotrich, ministro das Finanças israelense, que integra um partido de extrema-direita.

Já a chancelaria britânica justificou na ocasião as sanções devido aos níveis inéditos de violência dos colonos na Cisjordânia e as acusações de abusos de direitos humanos contra os palestinos na região ao longo do último ano, criticando ainda a inação de Israel, que resultou em uma total impunidade. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, colonos israelenses ameaçaram famílias palestinas com armas e destruíram seus bens nos últimos meses, incluindo com assédio e intimidação agressiva para que abandonassem as suas terras. “Um esforço focado e calculado para deslocar as comunidades palestinas. Os colonos extremistas israelenses ameaçam os palestinos, com frequência de arma em punho, forçando-os a saírem das terras que são suas. Este comportamento é ilegal e inaceitável. Israel tem de agir para acabar com a violência dos colonos. Com frequência, vemos compromissos assumidos e promessas feitas, mas depois não acontece nada", afirmou o ministro David Cameron.

Segundo os dados das Nações Unidas, os ataques diários dos colonos israelenses aos palestinos na Cisjordânia mais do que duplicaram nos últimos meses que se seguiram ao ataque do Hamas e a guerra na Faixa de Gaza. Cerca de 700 mil colonos israelenses vivem em assentamentos ilegais em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia. A maioria dos ultraortodoxos e nacionalistas extremistas, muitos dos quais integram a coalizão política do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apóiam e defendem a anexação total da Cisjordânia, onde os palestinos pretendem estabelecer um Estado independente, juntamente com o território de Gaza. 
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