Diario de Pernambuco
Busca

JUSTIÇA

Tribunal do Reino Unido adia extradição do fundador do Wikileaks

Tribunal britânico forneceu mais três semanas ao governo norte-americano para demonstrar que Assange pode confiar na Primeira Emenda da Constituição dos EUA

Publicado em: 26/03/2024 13:55

Julian Assange, fundador do Wikileaks (Foto: Justin TALLIS/AFP)
Julian Assange, fundador do Wikileaks (Foto: Justin TALLIS/AFP)
O Supremo Tribunal de Londres anunciou nesta terça-feira que precisa de mais informações antes de tomar uma decisão final sobre a tentativa do australiano Julian Assange, fundador do Wikileaks, de recorrer da sua extradição para os Estados Unidos.
 
O tribunal britânico forneceu mais três semanas ao governo norte-americano para demonstrar que Assange pode confiar na Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão. Também no acórdão divulgado hoje, dois juízes do Tribunal Superior pediram garantias aos EUA de que Assange não seria prejudicado no seu sistema jurídico devido à sua nacionalidade e ainda pediram ao país que não solicitasse a pena de morte.  
 
Os juízes escreveram que se os EUA não conseguirem fornecer garantias adequadas em três dos nove pontos identificados no acórdão, Assange teria autorização para recorrer.
 
O tribunal britânico marcou uma nova sessão para o dia 20 de maio. Com a decisão Assange conseguiu ganhar mais algum tempo no processo de extradição para os Estados Unidos.  Mas, se os EUA derem garantias, a extradição poderá prosseguir, apesar da equipe jurídica de Assange já ter sinalizado que irá recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, o que poderá atrasá-la ainda mais.
 
As acusações contra Assange
 
Assange está detido desde 2019 no Reino Unido à espera da decisão judicial do país sobre a extradição para os EUA. 

O fundador do Wikileaks é acusado de espionagem por ter divulgado vídeos e mais de 700 mil documentos confidenciais de atividades militares, diplomáticas e ações de guerra das tropas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão. O jornalista enfrenta mais de 18 acusações criminais por violar a Lei de Espionagem e pode ser condenado até 175 anos de prisão.
 
Mas as declarações de apoiadores em todo o mundo ressaltam a contribuição de Assange para o estabelecimento da paz mundial por meio da publicação de documentos classificados pelo Wikileaks sobre crimes, tortura e violações dos direitos humanos praticados pelos EUA e seus aliados no Iraque e Afeganistão.  Eles destacam ainda que o trabalho de Assange e do Wikileaks contribuiu com mecanismos internacionais pela verdade e justiça, como o Tribunal Penal Internacional, cujo objetivo é eliminar a impunidade processando as mais graves atrocidades conhecidas pela humanidade: crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídios.  O próprio site WikiLeaks e Assange já foram indicados ao Prêmio Nobel da Paz.

COMENTÁRIOS

Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.