HAITI

Haitianos fogem da capital Porto Príncipe devido ao caos no país

Onda de violência de grupos criminosos e o caos social instaurado nas ruas do país levaram à desestabilização de praticamente todos os aspectos da sociedade

Publicado em: 21/03/2024 15:19

Uma mulher carregando uma criança foge depois que tiros foram ouvidos em Porto Príncipe, Haiti, nesta quarta-feira (20) (Foto: CLARENS SIFFROY / AFP
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Uma mulher carregando uma criança foge depois que tiros foram ouvidos em Porto Príncipe, Haiti, nesta quarta-feira (20) (Foto: CLARENS SIFFROY / AFP )
No Haiti, os intensos combates entre as várias gangues armadas e as forças de segurança que tomaram conta da capital Porto Príncipe estão obrigando cada vez mais tanto haitianos como os estrangeiros a fugirem do país. A onda de violência dos grupos criminosos e o caos social instaurado nas ruas do país levaram à desestabilização de praticamente todos os aspectos da sociedade haitiana, onde as escolas, bancos, lojas e serviços públicos estão fechados assim como o principal aeroporto internacional do país. 

Nos últimos dias, mais de 20 mil pessoas já saíram da capital do Haiti em direção à fronteira com a República Dominicana. No entanto, todos os dias centenas de haitianos são banidos. Somente em 2024, o país vizinho já deportou quase 24 mil haitianos. As Nações Unidas apelou às nações vizinhas que acolham os refugiados haitianos que são mandados de volta ao país em condições subumanas. Já as embaixadas e as organizações internacionais reduziram e retiraram funcionários no Haiti nos últimos dias devido à escalada de violência dos grupos armados no país desde o final de fevereiro.

Na capital haitiana centenas de pessoas já foram mortas e cerca de 17 mil estão desalojadas devido à crescente violência. Há cadáveres espalhados pelas ruas de alguns subúrbios de Porto Príncipe porque as famílias têm medo de recolher os corpos por causa dos tiroteios constantes. As gangues que controlam grande parte da capital diante da aparente impotência do exército e da polícia também já estão estendendo o seu domínio nos bairros da periferia da cidade, até agora áreas mais ‘tranquilas’. Gangues armadas ainda atacaram bairros nobres e consideradas ‘seguras’ de Porto Príncipe e mataram pelo menos 12 pessoas. 
 
Vídeos também são compartilhados na Internet com frequentes imagens de tortura, gravadas e publicadas pelas gangues que espalham o horror e pedem resgate de dezenas de vítimas que raptaram. Recentemente facções ainda invadiram os dois maiores presídios do país e libertaram quase quatro mil prisioneiros. 
 
O Haiti está sem chefe de Estado desde 2021 e o primeiro-ministro, Ariel Henry, renunciou na semana passada. Os grupos criminosos exigem eleições livres e que seja o povo a escolher o próximo presidente e governo.
 
A Organização das Nações Unidas e os Estados Unidos, com apoio de lideranças locais, tentam formar um conselho presidencial de transição. Um milhão e meio de pessoas estão à beira da fome e se estima que mais de quatro milhões precisem de ajuda alimentar. Faltam também medicamentos à população. "Não é uma hipérbole dizer que se trata de uma das situações humanitárias mais dramáticas do mundo”, disse o porta-voz do Departamento de Estado EUA Vedant Patel.
 
Os EUA se organizam numa operação militar para a retirada dos mais de mil e 600 norte-americanos que vivem na ilha caribenha. O Departamento de Estado norte-americano comunicou que espera evacuar cerca de 30 cidadãos norte-americanos por dia com vôos de helicóptero entre Porto Príncipe e Santo Domingo, capital da República Dominicana. “Esperamos que estes helicópteros façam várias viagens para tentar chegar ao maior número possível de cidadãos norte-americanos", apontou Patel.
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