AMÉRICA CENTRAL

Haiti vive estado de emergência, escalada de violência e situação insustentável

Grupos de crime organizado aterrorizam a capital do país e a oposição exige a demissão do chefe de Governo

Publicado em: 07/03/2024 17:58 | Atualizado em: 07/03/2024 18:15

Haiti enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança (foto: clarens SIFFROY / AFP)
Haiti enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança (foto: clarens SIFFROY / AFP)

O alto-comissário da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou que a situação no Haiti é insustentável para o povo haitiano. “Este ano já morreram 1.193 pessoas em resultado da violência das gangues. A violência das gangues também fez 692 feridos desde o início de janeiro, um número chocante”, indicou. 

 

O Haiti enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021. Os grupos de crime organizado aterrorizam a capital do país e os grupos de oposição exigem a demissão do chefe de Governo. 

 

Desde o último domingo, o ministro da Economia, Patrick Michel Boisvert, como primeiro-ministro em exercício do país, decretou estado de emergência e toque de recolher, após gangues armadas terem libertado milhares de detentos da Penitenciária Nacional do Haiti. Dos 3.696 presos, apenas 99 não escaparam e 10 morreram. 

 

Já Türk apelou ao envio urgente de uma missão multinacional de apoio à sobrecarregada polícia nacional haitiana, destacando que a realidade é tal que, no atual contexto, não existe alternativa para proteger a vida das pessoas. O alto-comissário da ONU relatou ainda que o sistema de saúde está à beira do colapso, escolas e empresas fechadas e as crianças são cada vez mais exploradas por grupos criminosos. “A economia está asfixiada porque as gangues impõem restrições aos movimentos da população; o principal fornecedor de água potável no Haiti suspendeu as entregas; e pelo menos 313 mil pessoas estão atualmente deslocadas dentro do país”, disse. 

 

Com a escalada da violência no país, os Estados Unidos pediram ao primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, que acelere a transição para uma nova estrutura de governação e realize eleições. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, declarou que Washington não apela à renúncia do chefe de governo haitiano, mas que considera importante que se avance para uma missão de segurança no país e para a transição de uma nova liderança política, enquanto Ariel Henry está fora do país, devido às ameaças de grupos de crime organizado. “Pedimos que acelere a transição para uma estrutura de governação reforçada e inclusiva, que deve permitir ao país se preparar para uma missão multinacional para abordar a situação de segurança e abrir o caminho para eleições livres e justas", disse Miller. 

 

"O que pedimos ao primeiro-ministro haitiano é que faça avançar um processo político que leve ao estabelecimento de um Conselho Presidencial de transição que permita depois a realização de eleições, e achamos que isso é urgente", acrescentou Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU.

 

De acordo com o noticiado pela mídia norte-americana, o primeiro-ministro haitiano já viajou a Washington para conversações sobre o futuro político do Haiti.


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