RÚSSIA X UCRÂNIA

"Estamos em estado de guerra", assume pela primeira vez o Kremlin

Anteriormente, conflito com a Ucrânia era designado como 'operação militar especial'

Publicado em: 22/03/2024 14:47 | Atualizado em: 22/03/2024 15:04

Kremlin usou a palavra guerra para se referir ao conflito com a Ucrânia pela primeira vez (Foto: Pixabay)
Kremlin usou a palavra guerra para se referir ao conflito com a Ucrânia pela primeira vez (Foto: Pixabay)
Nesta sexta-feira (22), pela primeira vez o Kremlin usou a palavra guerra para se referir ao conflito com a Ucrânia, que designava anteriormente como ‘operação militar especial’. “A Rússia está em estado de guerra com a Ucrânia", reconheceu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. 
 
"Estamos em estado de guerra. Sim, começou como uma operação militar especial, mas assim que este grupo se formou no local, quando o Ocidente coletivo se tornou um participante nisto ao lado da Ucrânia, para nós se tornou uma guerra. Estou convencido disso", afirmou Peskov em uma entrevista citada pela agência estatal russa RIA Nostovi.
 
O porta-voz presidencial da Rússia ainda assinalou objetivo de Moscou de conquistar completamente as quatro regiões ucranianas. Kherson, Donetsk, Lugansk e Zaporijjia que o governo russo reivindica como território de anexação desde setembro de 2022.
 
Peskov também ao se referir à Ucrânia disse que o Kremlin não pode permitir a existência de um Estado na sua fronteira capaz utilizar todos os métodos para controlar a Crimeia. "A Rússia continuará a atuar de forma a que o potencial militar da Ucrânia não possa ameaçar a segurança dos seus cidadãos e do seu território", declarou.
 
Nos últimos dois anos, o Kremlin reprimiu o uso da palavra "guerra" com multas e penas de prisão, impondo o eufemismo oficial de "operação militar especial". Apesar de vários altos funcionários já terem usado a palavra "guerra" em declarações públicas,  sempre foi em referência à guerra que o Ocidente a trava contra a Rússia através da Ucrânia, e não em relação ao ataque russo.
 
Questionado sobre o destino das pessoas condenadas pela utilização da palavra "guerra", Peskov sugeriu que tal não significava que o uso do termo "num contexto crítico" fosse permitido. "A palavra' guerra é utilizada em diferentes contextos. Comparem o meu contexto com o contexto dos casos (de pessoas condenadas) que a citam", argumentou.
 
Por sua vez, a analista russa Tatyana Stanovaya, avaliou que o uso oficial do termo pelo Kremlin demonstra a passagem de uma "fronteira psicológica" entre a elite política e a população russa.
 
O presidente russo, Vladimir Putin, recentemente reeleito com 87% dos votos numa eleição presidencial sem oposição, prometeu levar o país à vitória sobre o governo de Kiev e o Ocidente, no que considera ser um confronto pela "existência" da Rússia.
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