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Trump é condenado a pagar US$ 83,3 milhões por difamação a escritora

Valor da condenação a ser pago à escritora E. Jean Carroll equivale a R$ 409,5 milhões

Publicado: 26/01/2024 às 22:27

Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump/foto: AFP

Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (foto: AFP)

Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi condenado nesta sexta-feira (26) a pagar 83,3 milhões de dólares (R$ 409,5 milhões) à escritora E. Jean Carroll por difamá-la, após ela acusá-lo, em 2019, de tê-la estuprado nos anos 1990, anunciou o juiz, após as deliberações do júri.

 

Essa quantia, muito superior aos 10 milhões (R$ 49,2 milhões) que a escritora e jornalista solicitava, desdobra-se em 65 milhões de dólares (R$ 319,5 milhões) por danos e juros, 11 milhões (R$ 54 milhões) por reparação de danos à reputação e 7,3 milhões (R$ 35,9 milhões) de indenização financeira, segundo veículos americanos, como o New York Times e a CNN.

 

Após mais de duas horas de deliberações, o júri concluiu que Carroll sofreu mais do que "danos nominais" e que Trump agiu de maneira "maliciosa, por ódio, má vontade, rancor, vingativamente, ou com indiferença, imprudente ou deliberadamente", contra a escritora e jornalista. 

 

"Absolutamente ridículo!... Irei recorrer", reagiu o republicano, 77 - que não estava na sala para ouvir o veredito - em sua plataforma, Truth Social, onde voltou a chamar o julgamento de uma "caça às bruxas" orquestrada pelo presidente democrata, Joe Biden, para impedir o seu retorno à Casa Branca. Também criticou o "sistema judicial fora de controle". 

 

Em maio do ano passado, outro júri considerou o republicano culpado por agressão sexual e difamação, condenando-o a pagar 5 milhões de dólares (R$ 24,6 milhões) a Carroll. O magnata apelou da decisão. 

 

O ex-presidente (2017-2021) deixou furioso a sala do tribunal quando a acusação apresentou seus argumentos finais, na manhã desta sexta-feira, antes de retornar quando foi a vez de a sua advogada falar. 

 

O juiz instrutor, Lewis Kaplan, aconselhou o júri, cujos nomes permaneceram anônimos durante todo o processo, a manterem o anonimato. "Meu conselho é que nunca revelem que estiveram neste júri", declarou.

 

Carroll, 80, exigia 10 milhões de dólares ao republicano por danos à sua reputação após declarações feitas em 2019 pelo então presidente, depois que ela publicou um livro e um artigo em que afirmava que o magnata a estuprou em uma loja de departamentos na década de 1990.

 

 

'Faz o que quer'

 

Trump, que costuma chamar a escritora de "louca" ou "doente", disse na época que ela "não era o seu tipo" e que havia inventado o estupro para "vender seu novo livro". "Destruiu a minha reputação", afirmou a escritora durante o julgamento.

 

"O homem que abusou sexualmente de Carroll faz o que quer. Mente, difama", declarou uma das advogadas da jornalista em seus argumentos finais. "Segue usando sua enorme plataforma para feri-la, e adivinhem o que seus apoiadores fizeram? Eles a continuaram perseguindo."

 

Durante sua ausência da sala, Trump enviou uma série de mensagens contra o juiz, a demandante e sua advogada. Após comparar o caso com o de Monica Lewinsky, estagiária que se relacionou entre 1995 e 1996 com o então presidente americano, Bill Clinton, Trump repetiu que E. Jean Carroll ganhou o dinheiro e a fama que tanto desejava" com o caso.

 

"Um presidente dos Estados Unidos foi acusado de fazer algo que não fez por uma mulher DESCONHECIDA, PARA ELE, que buscava fama, fortuna e publicidade para seu livro ridículo", afirmou em outra mensagem Trump, que arremeteu contra o sistema de justiça, que chamou de caótico.

 

Após insistir em comparecer ao tribunal para se defender, Trump pôde fazê-lo ontem, mas o juiz de instrução limitou a sua declaração a três perguntas, às quais tinha que responder com "sim" ou "não".

 

Diversas frentes judiciais aguardam o ex-presidente, que está em plena corrida eleitoral. Um total de 91 acusações penais pesam sobre Trump em diversos tribunais, a maioria relacionada com suas tentativas de permanecer no poder após as eleições de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden, um triunfo que ele insiste em não reconhecer.

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