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Príncipe herdeiro saudita agradece Macron por sua 'recepção calorosa' na França

Publicado: 29/07/2022 às 09:58

/Foto: Bertrand GUAY / AFP

/Foto: Bertrand GUAY / AFP

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, agradeceu ao presidente Emmanuel Macron nesta sexta-feira (29) por sua "calorosa recepção", ao final de uma visita oficial à França criticada por defensores dos direitos humanos. 

"Ao deixar seu país amigo, tenho o grande prazer de expressar a Vossa Excelência minha profunda gratidão e agradecimento pela calorosa recepção e hospitalidade", escreveu Bin Salman em mensagem a Macron. 

A primeira viagem europeia de MBS - como é popularmente conhecido - ocorre cerca de duas semanas após a viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, à Arábia Saudita, em meio à guerra na Ucrânia e ao aumento dos preços da energia. 

Durante um jantar na quinta-feira, os dois líderes defenderam "encontrar uma saída para o conflito" e cooperar para "mitigar os efeitos na Europa, Oriente Médio e no mundo", segundo um comunicado da Presidência francesa. 

Macron "destacou a esse respeito a importância de continuar a coordenação iniciada com a Arábia Saudita para diversificar o fornecimento de energia dos Estados europeus", acrescentou o comunicado. 

Os países ocidentais buscam desde o início da ofensiva russa na Ucrânia em fevereiro que a Arábia Saudita, principal exportador de petróleo bruto, aumente sua produção para aliviar os mercados e limitar a inflação. 

Mas Riade resiste à pressão, evocando os compromissos assumidos com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP%2b), liderada conjuntamente por Arábia Saudita e Rússia. 

A viagem de MBS à França gerou dúvidas especialmente entre os defensores dos direitos humanos, que a veem como uma "reabilitação" no cenário internacional anos após o assassinato do jornalista saudita Jamal Khasshoggi.

O jornalista, cronista do Washington Post e crítico do poder saudita, foi morto por agentes sauditas no consulado do país em Istambul em 2018. Khashoggi foi estrangulado e desmembrado com uma serra. Uma investigação da ONU considerou um "assassinato extrajudicial pelo qual a Arábia Saudita é responsável". 

A inteligência dos EUA afirmou que Bin Salman "aprovou" a operação contra Khashoggi, mas Riade nega. Coincidindo com a visita, várias ONGs, incluindo a Democracy for the Arab World Now (DAWN), criada por Khashoggi, apresentaram uma queixa em Paris contra Bin Salman por cumplicidade em torturas e desaparecimento forçado. 

"No marco do diálogo de confiança entre a França e a Arábia Saudita, o presidente abordou a questão dos direitos humanos na Arábia Saudita", conclui o comunicado da Presidência francesa, sem dar detalhes.
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