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Jornalista russo leiloa medalha do Nobel por US$ 103,5 milhões para ajudar crianças na Ucrânia
Publicado: 20/06/2022 às 22:10

/Foto: Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Dmitry Muratov, editor-chefe do jornal independente russo Novaya Gazeta, leiloou por 103,5 milhões de dólares a medalha de ouro do Prêmio Nobel da Paz que obteve em 2021 em benefício das crianças deslocadas pela guerra na Ucrânia.
A renda da venda da medalha, que foi adquirida por telefone por um comprador não identificado, será remetida à agência de ajuda humanitária do Unicef para crianças ucranianas deslocadas, de acordo com a Heritage Auctions, que realizou o leilão.
Muratov recebeu no ano passado, junto com a jornalista filipina Maria Ressa, o renomado prêmio "por seus esforços para garantir a liberdade de expressão".
Muratov fundou junto com um grupo de jornalistas o diário Novaya Gazeta em 1993, após a queda da União Soviética.
Em 2022, seu jornal foi a única publicação de envergadura que criticou o presidente Vladimir Putin e suas políticas interna e externa.
Em março, a publicação de Muratov suspendeu suas operações na Rússia após a adoção de uma lei que estabeleceu duras penas de prisão contra qualquer um que criticasse a campanha militar do Kremlin na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.
Muratov foi agredido em abril em um trem quando uma pessoa derramou tinta misturada com acetona nele, causando queimaduras nos olhos.
A casa Heritage Auctions é responsável pela venda da medalha do Nobel de Muratov, cujo leilão - tanto on-line como presencial - termina na noite desta segunda, no horário de Nova York.
Desde o ano 2000, seis jornalistas e colaboradores do Novaya Gazeta foram assassinados devido a seu trabalho, entre eles a repórter investigativa Anna Politkovskaya, a quem Muratov dedicou o Prêmio Nobel.
"Este jornal é perigoso para a vida das pessoas", disse Muratov à AFP no ano passado.
Falando em um vídeo difundido pela Heritage Auctions, o jornalista disse que ganhar o Nobel "lhe dá a oportunidade de ser ouvido".
"A mensagem mais importante hoje é que as pessoas entendam que há uma guerra e que é preciso ajudar os que mais sofrem", continuou, ao apontar especificamente para as crianças das famílias de refugiados.
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