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Johnson sob pressão e possibilidade de vitória histórica do Sinn Fein nas eleições britânicas

Publicado: 05/05/2022 às 16:00

/Fotos: JUSTIN TALLIS / AFP e Paul Faith / AFP

/Fotos: JUSTIN TALLIS / AFP e Paul Faith / AFP

Os britânicos comparecem às urnas nesta quinta-feira (5) para eleições municipais e regionais, que na Inglaterra representam um teste para o pressionado primeiro-ministro Boris Johnson e, na Irlanda do Norte, parecem caminhar para uma vitória histórica do partido republicano Sinn Fein.

Johnson, de 57 anos, votou acompanhado de seu cão Dilyn no início da manhã no centro de Londres.

Um mau resultado nestas eleições, que costumam mobilizar pouco a população, poderia reavivar a rebelião interna em seu Partido Conservador e reativar os pedidos para substituir seu polêmico líder. 

Boris se mostrou confiante, porém, em que os eleitores não darão as costas para os conservadores "em um momento em que temos que nos concentrar em (...) proteger as famílias e os bolsos", devido a uma inflação descontrolada. 

Na Inglaterra, em Gales e na Escócia, serão eleitos 146 conselhos municipais, incluídos os 32 distritos de Londres.

Os colégios eleitorais fecharam às 18h (horário de Brasília). Os primeiros resultados serão anunciados durante a noite, mas os números definitivos serão divulgados apenas na sexta-feira, ou no sábado.

O resultado das urnas também mostrará se os eleitores ainda confiam no Partido Conservador, apesar dos escândalos que afetam o premiê. Boris foi multado pela polícia por ter participado de pelo menos uma festa ilegal em Downing Street durante os confinamentos impostos para combater a pandemia da covid-19. 

A investigação policial continua aberta, o que significa que o primeiro-ministro pode ser multado mais uma vez. Além disso, Boris Johnson é alvo de futuros inquéritos de uma comissão parlamentar que determinará se ele mentiu para os deputados quando afirmou que as regras não foram violadas durante os confinamentos nos locais em que vive e trabalha.

- Reunificação da Irlanda -
Na província britânica da Irlanda do Norte, o desafio é diferente. A eleição do Parlamento regional definirá o novo governo autônomo, e os nacionalistas do partido Sinn Fein podem aparecer pela primeira vez como a principal força política nessa nação britânica de 1,9 milhão de habitantes.

Se o resultado for confirmado nas urnas, a líder do Sinn Fein, Michelle O'Neill, pode se tornar a primeira republicana a comandar o governo norte-irlandês - que seu partido deve formar em conjunto com os unionistas do DUP - nos seus 100 anos de história.

Ex-braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), que durante 30 anos enfrentou o governo britânico e os paramilitares unionistas em um conflito violento que terminou em 1998, o Sinn Fein tem como objetivo final a reunificação da Irlanda.

Na atual campanha, no entanto, O'Neill se concentrou em questões sociais urgentes, como a inflação elevada, e não citou tanto a unificação, que seu partido deseja, em algum momento, submeter a um referendo.

Os eleitores também não parecem priorizar o tema.

"Todo mundo está mais preocupado com os salários e a segurança no emprego. Integrar o Reino Unido ou a República da Irlanda não estaria entre os 20 primeiros problemas", declarou à AFP John Potts, um funcionário municipal de 56 anos, diante da prefeitura de Belfast.

"Vamos resolver a questão dos salários, da saúde, da educação e da pandemia, e depois podemos falar da Constituição", acrescentou.

"Mas será uma mudança radical, se uma nacionalista virar primeira-ministra", afirmou Deirdre Heenan, cientista política da Universidade do Ulster.

Caso o Sinn Fein e o DUP - obrigados a compartilhar o poder pelo tratado de paz de 1998 - não alcancem um acordo, a formação do novo Executivo pode, contudo, ficar bloqueada.

- Crise do custo de vida -
No restante do país, os conservadores devem perder centenas de conselhos e até o controle de bastiões locais londrinos para o Partido Trabalhista. 

Considerado um "mentiroso" por boa parte dos britânicos, segundo as pesquisas, o primeiro-ministro conseguiu evitar, até o momento, os pedidos de renúncia.

Se o resultado da votação desta quinta-feira for ruim, a rebelião interna, acalmada pela guerra da Ucrânia, pode retornar ao Partido Conservador. Isso pode significar a retomada das tentativas para se aprovar uma moção de censura, algo que provocaria a substituição do líder desta legenda e, em consequência, do ocupante do cargo de chefe de Governo.

Ainda assim, Johnson acredita em sua capacidade de sobrevivência política.

"Quando temos que nos concentrar em (...) proteger as famílias e os bolsos, são os conservadores que cumprem", afirmou em um vídeo divulgado no Twitter depois de depositar seu voto.
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