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China rejeita críticas ocidentais por detenção de cardeal em Hong Kong

Publicado: 12/05/2022 às 09:42

/Foto: ANTHONY WALLACE / AFP

/Foto: ANTHONY WALLACE / AFP

A China defendeu nesta quinta-feira (12) a prisão de um cardeal católico de 90 anos sob a lei de segurança nacional de Hong Kong, uma medida que provocou duras críticas internacionais e temores sobre a supressão das liberdades na cidade.

O cardeal católico Joseph Zen foi preso na quarta-feira (11) junto com outros ativistas pró-democracia por "conspirar com forças estrangeiras". 

A cantora pop cantonesa Denise Ho, a advogada Margaret Ng e o professor universitário Hui Po-keung também foram presos, este último tentando viajar para a Europa para assumir um posto de trabalho.

"As pessoas envolvidas são suspeitas de conspirar com países estrangeiros ou forças estrangeiras para pôr em perigo a segurança nacional, um ato de natureza grave", disse, em comunicado, o Gabinete do Comissário, que representa o ministério das Relações Exteriores da China em Hong Kong.

Os quatro foram presos por seu envolvimento em um fundo - agora dissolvido - que ajudava a cobrir os custos legais e médicos dos detidos durante as grandes manifestações pró-democracia de 2019.

A China respondeu com uma campanha para esmagar o movimento e transformar Hong Kong em sua própria imagem autoritária. 

Zen e seus companheiros, que foram libertados sob fiança na quarta-feira, se juntam a mais de 180 pessoas detidas sob uma lei de segurança nacional imposta por Pequim para conter os protestos. 

A maioria dos detidos não tem direito a fiança e pode ser sentenciada a prisão perpétua.

"Preocupante"
 
Os países ocidentais criticaram as prisões e acusaram Pequim de minar as liberdades que prometeu manter em Hong Kong. 

Os Estados Unidos, que sancionaram as autoridades chinesas pela repressão, pediram a Pequim que "pare de assediar os ativistas de Hong Kong".

A ministra canadense das Relações Exteriores, Melanie Joly, chamou as prisões de "profundamente preocupantes". 

Ho, uma cantora popular e ativista LGBTQ de Hong Kong, também é canadense. 

Por sua vez, o chefe a diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que acompanhou as prisões com "grande preocupação", enquanto a Human Rights Watch chamou o incidente de um "novo e chocante ponto baixo para Hong Kong". 

"Mesmo pelos padrões recentes da crescente repressão em Hong Kong, essas prisões representam uma escalada chocante", acrescentou a Anistia Internacional. 

Já o Vaticano disse estar preocupado com a prisão de Zen, acrescentando que "acompanha muito de perto o desenvolvimento da situação".

O cardeal Zen fugiu de Xangai para Hong Kong depois que os comunistas tomaram o poder na China em 1949 e se tornou o bispo da cidade.

Ele tem sido um defensor do movimento democrático de Hong Kong, chegando ao ponto de acusar o Vaticano de abandonar a Igreja Católica clandestina da China ao chegar a um acordo com Pequim sobre a nomeação de bispos.

A diocese de Hong Kong disse nesta quinta-feira que está "muito preocupada com a condição e a segurança do cardeal Joseph Zen". 

Por sua vez, o missionário italiano Franco Mella afirmou à AFP que a prisão de Zen é "um golpe para toda a Igreja em Hong Kong, China e no mundo", e que "é óbvio que há uma espada de Dâmocles sobre Zen e outras pessoas da Igreja". 
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