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DIREITO REPRODUTIVO

Ruas estadounidenses são tomadas em apoio ao aborto legal

Publicado: 02/10/2021 às 15:32

/Foto: Sergio FLORES / AFP

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O principal evento acontece em Washington D.C, onde milhares de pessoas começaram a se reunir para uma passeata que seguirá até o principal tribunal do país, que há quase 50 anos reconheceu o direito ao aborto na sentença do caso Roe vs Wade.

A Suprema Corte, que teve a composição drasticamente alterada pelas nomeações de juízes conservadores pelo ex-presidente Donald Trump, parece pronta agora para alterar a norma.

O tribunal se negou a intervir em caráter de urgência para bloquear a lei do Texas e poderia aproveitar a revisão de uma restritiva do estado do Mississippi para mudar sua jurisprudência.

As capitais destes dois estados conservadores, Austin e Jackson, respectivamente, também devem receber manifestações, assim como outras 600 cidades. 

Os organizadores, uma aliança que reúne desde pequenos grupos feministas até grandes organizações como a Planned Parenthood, que promove o planejamento familiar, acreditam que mobilizarão 240.000 pessoas em todo o país.

"Lutamos para que o aborto não apenas seja legal, mas também acessível e sem estigmas", afirma um comunicado divulgado pela organização dos protestos. As ativistas desejam que o Congresso estabeleça o direito ao aborto na lei federal com o objetivo de protegê-lo de uma possível reversão na Suprema Corte.

Um projeto de lei neste sentido foi aprovado na semana passada na Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, mas não tem chance de triunfar no Senado, onde os republicanos podem bloquear o texto.

"Desejo patriarcal"
Uma primeira "Marcha das Mulheres" aconteceu em 2017, pouco depois da posse do presidente Trump e reuniu milhões de opositores do republicano, que o chamaram de sexista.

Marchas posteriores tiveram menos participantes, em parte porque uma de suas promotoras foi acusada de antissemitismo.

"Este ano estamos unidos", promete o comunicado divulgado pela organização. "Voltamos às ruas pela primeira vez na era Biden porque com a mudança no Salão Oval (da Casa Branca) não acabou o desejo politizado, perverso e patriarcal de controlar nossos corpos", acrescenta a nota, em referência à vitória de Joe Biden em 2020, que não mudou a dinâmica nos estados.

Pelo contrário, estimulados pela entrada na Suprema Corte de três magistrados designados por Trump, legisladores conservadores locais iniciaram uma verdadeira ofensiva contra o direito ao aborto: desde 1º de janeiro, 19 estados aprovaram 63 leis restritivas.

Se a Suprema Corte anular a sentença do caso Roe vs Wade, todos os estados ficariam livres para proibir ou permitir os abortos. Desta maneira, 36 milhões de mulheres em 26 estados, ou quase metade das mulheres americanas em idade reprodutiva, provavelmente perderiam o direito a abortar, segundo um relatório divulgado pela Planned Parenthood.

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