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/Foto: Joe Klamar / AFP
O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira (3) a responsabilidade pelos tiroteios em Viena que deixaram pelo menos quatro mortos, enquanto a Áustria lamenta as vítimas.
Kujtim Fejzulai, de 20 anos, o autor dos tiros de fuzil que espalharam pânico em Viena na noite de segunda-feira, era natural da Macedônia do Norte, anunciaram as autoridades austríacas.
O "ataque terrorista", segundo as palavras do chanceler Sebastian Kurz, ocorreu em pleno centro da capital austríaca, perto de uma grande sinagoga e da Ópera.
A declaração do EI, publicada em seus canais no Telegram, culpou um "soldado do califado" pelo tiroteio perto de uma sinagoga e da Ópera de Viena.
Em texto à parte, acompanhado de foto do agressor armado, a agência de propaganda Amaq menciona “um ataque com armas de fogo realizado ontem (segunda-feira) por um combatente do Estado Islâmico na cidade de Viena”.
Também foi publicado um breve vídeo em que o agressor, sozinho em frente à câmera, se grava jurando lealdade ao chefe oficial da organização jihadista, Abu Ibrahim al Hachemi al Qurachi.
O agressor foi morto pela polícia da Áustria, que realizou 18 buscas e prendeu 14 pessoas após o atentado fatal.
Segundo o ministro do Interior austríaco, Karl Nehammer, o autor do crime se chamava Kujtim Fejzulai, possuía dupla nacionalidade austríaca e macedônia e havia sido preso em 2019 na Áustria, mas foi solto antes de cumprir sua pena completa.
No ano passado, ele foi condenado a 22 meses de prisão por tentar viajar para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico. No entanto, o jovem jihadista conseguiu "enganar" o programa de desrradicalização e os agentes que o monitoravam.
Após uma rápida ascensão e a proclamação em 2014 de um "califado" em uma área entre o Iraque e a Síria, os jihadistas do EI sofreram uma série de reveses, em ofensivas lançadas nesses dois países.
Depois de voltar à clandestinidade, o grupo continua reivindicando ataques mortais, na Síria e no Iraque, mas também no Afeganistão ou na África Ocidental.
"Três dias de luto nacional"
Nesta terça-feira, uma grande parte do centro de Viena ainda estava isolada. Nos locais do crime, policiais científicos recuperavam evidências.
A Áustria decretou três dias de luto nacional após o que o chanceler Sebastian Kurz chamou de "repugnante ataque terrorista".
O chefe de Governo, o presidente Alexander van der Bellen e outras autoridades participaram em uma cerimônia de homenagem às vítimas.
Os habitantes de Viena, ainda atordoados, se esqueceram até mesmo do novo confinamento que entrou em vigor nesta terça-feira para conter a pandemia de covid-19.
O rabino da comunidade judaica de Viena, Schlomo Hofmeister, disse estar "preocupado" se o ataque estava vinculado à sinagoga.
"Nenhuma prova confirma isso, mas não podemos descartar", confessou à AFP. "O edifício estava fechado neste momento do dia e o bairro é o mais movimentado da cidade".
Da janela de seu apartamento, ele presenciou a cena. "O homem correu em direção aos clientes dos bares com sua arma", relatou. "O tempo estava bom e era véspera do confinamento, sem dúvida ele aproveitou a situação para provocar um banho de sangue", considerou.
Quatro vítimas
Entre as quatro vítimas, há um homem e uma mulher idosos, um jovem pedestre e uma garçonete, disse o chanceler Kurz. Além disso, 15 pessoas estão internadas, sete delas em estado grave, segundo a associação de hospitais de Viena.
Policiais e soldados foram enviados para proteger prédios importantes da capital e as crianças não foram à escola nesta terça.
"Nunca nos deixaremos intimidar pelo terrorismo e combateremos esses ataques por todos os meios", afirmou Kurz no Twitter.
Os ataques aconteceram em meio a uma grande tensão na Europa.
Na França, três pessoas foram assassinadas na quinta-feira em um ataque com faca em uma basílica em Nice (sudeste) por um jovem tunisiano que havia acabado de chegar na Europa.
Alguns dias antes, o professor Samuel Paty foi decapitado nos arredores de Paris, após mostrar caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.
O Reino Unido aumentou nesta terça-feira seu nível de alerta para ameaças terroristas de "substancial" para "grave", disse o serviço de inteligência britânico MI5.
A Áustria permanecia até agora à margem dos atentados islâmicos que atingem a Europa nos últimos anos.
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