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Juíza adia primeira execução federal nos EUA em 17 anos

Por: AFP

Publicado em: 13/07/2020 21:02

Federal Correctional Complex (Indiana), onde Daniel Lewis Lee está programado para ser executado em 13 de julho de 2020 (Foto: Scott Olson/Getty Images North America/Getty Images via AFP)
Federal Correctional Complex (Indiana), onde Daniel Lewis Lee está programado para ser executado em 13 de julho de 2020 (Foto: Scott Olson/Getty Images North America/Getty Images via AFP)
Uma juíza americana ordenou nesta segunda-feira (13) o adiamento da primeira execução federal nos Estados Unidos em 17 anos, prevista para o final do dia.

Daniel Lewis Lee, 47 anos, ex-supremacista branco condenado por assassinar três membros de uma família em 1996, seria executado às 16h (horário local) desta segunda-feira na prisão de Terre Haute, no estado do Meio-Oeste de Indiana. 

No entanto, a juíza desse distrito, Tanya Chutkan, ordenou que a execução de Lee fosse interrompida para permitir que ele recorra legalmente aos protocolos de injeção letal que devem acabar com sua vida e com a de outros presos federais. "Não servimos a população corretamente ignorando um processo judicial legítimo", declarou a juíza.

O Departamento de Justiça recorreu imediatamente da ordem de Chutkan para um tribunal superior, e o Supremo Tribunal pode ter a última palavra no caso pelas próximas horas. 

Pedido de adiamento
Lee, originalmente de Yukon, Oklahoma, seria o primeiro preso federal executado nos Estados Unidos desde 2003. Houve apenas três execuções federais no país desde que a pena de morte foi restabelecida em 1988. 

Lee foi condenado no Arkansas em 1999 por assassinar William Mueller, um traficante de armas, sua esposa, Nancy, e sua filha de oito anos, Sarah Powell.

Earlene Peterson, cuja filha e neta foram mortas por Lee, pediu ao presidente Donald Trump que concedesse clemência ao condenado, mas o magnata republicano ignorou seu pedido. 

Além disso, junto com outros parentes das vítimas, pediu para adiar a execução devido à pandemia, até que eles possam viajar com segurança, alegando que teriam que escolher entre a própria saúde e seu direito de assistir à execução.

"É uma execução que envolve muitas pessoas: funcionários penitenciários, advogados, familiares das vítimas ou acusados, jornalistas, um capelão", enumerou à AFP Robert Dunham, diretor do Centro de Informação sobre a pena de morte (DPIC).

"Irresponsável"
É "irresponsável querer realizar tantas execuções em tão pouco tempo" neste contexto de pandemia, continuou Dunham, que denunciou uma "instrumentalização política da pena capital".

Depois de anunciar a retomada deste tipo de execução no ano passado, o ministro da Justiça americano, Bill Barr, fixou o calendário para junho, justo quando novos casos de Covid-19 aumentavam drasticamente pelo país. 

Nos Estados Unidos, a maioria dos crimes é processada em nível estadual, mas a justiça federal pode lidar com os atos mais sérios (ataques terroristas, crimes racistas) ou cometidos em bases militares, entre vários estados, ou em reservas de indígenas americanos. 

Nos últimos 45 anos, apenas três pessoas foram executadas no nível federal, incluindo Timothy McVeigh em 2001, responsável pelo atentado a bomba em Oklahoma, que deixou 168 mortos em 1995.

O apoio popular à pena de morte tem caído entre os americanos, segundo pesquisas, mas segue forte entre eleitores republicanos, 77% dos quais se dizem favoráveis à prática.
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