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Negociações na Itália para tentar evitar queda do governo

Por: AFP

Publicado em: 09/03/2019 14:49 | Atualizado em: 09/03/2019 14:52

Foto: AFP Photo

O governo italiano inicia neste sábado (9) um longo "fim de semana de trabalho" para evitar uma eventual queda do Executivo composto pela extrema direita e por um movimento antissistema, o primeiro desse tipo em um dos países fundadores da União Europeia.

"Será preciso um fim de semana de trabalho, inevitavelmente", advertiu o vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, na sexta-feira, em uma coletiva de imprensa convocada às pressas, depois que a equipe do governo bloqueou o projeto de conexão ferroviária de alta velocidade entre a cidade francesa de Lyon e Turim.

Os dois barões do governo italiano, Matteo Salvini, vice-primeiro ministro e líder da Liga (extrema direita), e seu colega Luigi di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema) têm posições conflitantes neste tema.

Com fortes raízes no norte da Itália e próxima dos empresários, a Liga é muito favorável ao projeto, enquanto o M5S acredita que se trate de um enorme desperdício de dinheiro público.

"Atualmente, a questão real é que não há acordo dentro do governo", admitiu Di Maio.

"Agora temos que trabalhar. Os técnicos estudam tudo e, se encontrarmos um acordo, encontraremos soluções técnicas", acrescentou.

Em junho, os dois assinaram um "contrato do governo", estipulando que a conexão ferroviária entre Lyon e Turim deveria ser "totalmente renegociada".

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O chefe de governo italiano, Giuseppe Conte, lembrou na quinta-feira que pediu à França e à União Europeia, parceiros deste projeto, que se sentassem à mesa de negociações.

A Liga não tem nada contra, mas quer abrir uma licitação pública para a continuação dos trabalhos, como indicado na segunda-feira pelo conselho de administração do TELT (Túnel Euroalpino Lyon Turim), o que Di Maio nega.

- "Teimoso" -

"Vamos ver quem é mais teimoso. Estou acostumado a ir até o fim", disse Salvini na noite de quinta-feira.

Di Maio respondeu, alegando ser "irresponsável questionar um governo por uma questão marginal", como o projeto da linha Lyon-Turim.

Di Maio insistiu em que "o dinheiro dos italianos não é comprometido, vinculado" imediatamente na continuação desse projeto, na medida em que deve ser renegociado, especialmente o aspecto de seu financiamento.

"É justo pedir que a França e a União Europeia contribuam mais, tudo pode ser melhorado, mas não devemos interrompê-lo. Espero que o bom senso ganhe", disse Salvini.

Não é a primeira vez que esse governo tem divisões. Já aconteceu com o controverso decreto sobre segurança e imigração e com a lei de legítima defesa, além do orçamento.

Em cada ocasião, um acordo poderia ser alcançado, porque ambos, Di Maio e Salvini, estão muito interessados em salvar o "casamento" político, encerrado em 1º de junho, após os bons resultados obtidos por seus partidos nas eleições legislativas de 4 de março de 2018.

Os dois líderes parecem convencidos de que podem perder muito se o governo cair, e que a pessoa responsável pode pagar caro.

"Acredito muito nos confrontos. Já houve no passado, e sempre encontramos um acordo", disse o ministro da Administração Pública, membro da Liga, na sexta-feira.
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