Ex-presidente peruano Fujimori deixa clínica após indulto

Fujimori cumpria pena de 25 anos por corrupção e crimes contra a humanidade durante o seu governo

Por: AFP

Publicado em: 05/01/2018 08:34

O ex-presidente peruano Alberto Fujimori deixou na noite de quinta-feira a clínica em Lima onde esteve internado durante 12 dias por problemas cardíacos, após o polêmico indulto concedido pelo atual mandatário, Pedro Pablo Kuczynski.

Fujimori, de 79 anos, saiu em uma cadeira de rodas e foi saudado por um grupo de partidários reunidos diante da Clínica Centenário.

O ex-presidente partiu em uma SUV preta acompanhado por seu filho mais novo, o deputado Kenki Fujimori, constatou a AFP.

Quase uma hora depois, o carro com o ex-presidente chegou a um condomínio em La Molina, bairro de alto padrão do leste de Lima.

Fumijori parecia cansado, mas estava tranquilo, contrastando com a euforia de Kenki.

"Ele está tranquilo, não é uma pessoa que exagera suas emoções, sabe que precisa se cuidar, que tem um problema cardíaco severo", revelou Alejandro Aguinaga, médico particular do ex-presidente.

Fujimori ficará hospedado na casa do empresário Aldo Kruger, filho de Germán Kruger, que pagou pela casa onde o ex-presidente esteve em prisão domiciliar por quase dois anos no Chile, informou à AFP uma pessoa ligada ao político.

Fujimori, que sofreu uma hipotensão e uma arritmia e foi transferido da prisão para a clínica no dia 23 de dezembro, cumpria pena de 25 anos por corrupção e crimes contra a humanidade durante o seu governo.

Um dia após a internação, Kuczynski concedeu um polêmico indulto humanitário ao ex-presidente.

Segundo seus críticos, Kuczynski utilizou o indulto em troca do apoio da oposição ligada a Fujimori para escapar do impeachment por seu envolvimento no escândalo Odebrecht.

Na votação no Congresso, no dia 21 de dezembro, Kenji Fujimori e outros nove legisladores fujimoristas se abstiveram.

Dois dias depois de receber o indulto, Fujimori gravou um vídeo onde pediu perdão pelos atos de seu governo (1990-2000).

"Estou consciente de que os resultados durante meu governo por uma parte foram bem recebidos, mas reconheço que desapontaram outros compatriotas. A eles peço perdão de todo coração", afirmou.

O indulto dado a Fujimori, decretado na véspera do Natal, desatou uma nova crise política contra Kuckynski e motivou muitos protestos contra o ex-presidente que cumpria pena de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade.

As reações ao indulto a Fujimori mostraram um Peru polarizado, dividido entre simpatizantes do fujimorismo e a indignação de seus críticos, que pretendem impugnar a medida em tribunais internacionais.

O contexto da decisão de Kuczynski, três dias depois de evitar seu afastamento do cargo pelo Congresso sob a acusação de mentir por não revelar serviços de assessoria à empreiteira brasileira Odebrecht, alimentou a fúria do antifujimorismo.

A primeira grande manifestação reuniu pelo menos 5.000 pessoas em Lima, que criticaram o indulto e exigiram a renúncia de Kuczynski.

Fujimori continua a ser popular apesar dos abusos cometidos durante o seu regime. Muitos o reconhecem por ter conseguido derrotar os guerrilheiros do Sendero Luminoso e o MRTA e estabilizar a economia após a crise da hiperinflação produzida sob o primeiro governo de Alan García (1985-1990).

De acordo com pesquisas recentes, 65% dos peruanos são favoráveis ao indulto a Fujimori.
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