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Empreendedorismo

Seis em cada dez empresas no Brasil não sobrevivem após cinco anos; má gestão do negócio é uma das causas

Falta de planejamento e dificuldade nas finanças são alguns dos principais motivos do fechamento dos negócios

Publicado em: 31/03/2025 06:00 | Atualizado em: 30/03/2025 11:36

 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
 
A falta de gestão, planejamento e dificuldades financeiras são alguns dos principais desafios que empreendedores precisam encarar para conseguir manter o seu negócio ao longo dos anos. No Brasil, cerca de seis a cada dez empresas não conseguem sobreviver após cinco anos. Os dados são da última pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Já de acordo com número de registros no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), com dados da BigDataCorp, mais da metade das empresas que já foram registradas (51,15%) não sobrevivem por três anos, enquanto quase 90% dos negócios fecham em cinco anos. Atualmente, o Brasil tem cerca de 22 milhões de empresas ativas. 
 
De acordo com o analista do Sebrae-PE, Cleto Paixão, os principais fatores que impedem o crescimento da maioria dos negócios são a falta de planejamento e de  conhecimento sobre o próprio negócio, além do descontrole das finanças.
 
“Muitas vezes, a pessoa quer criar um empreendimento apenas porque viu em algum lugar que aquilo dá dinheiro, mas não tem nenhum conhecimento ou formação sobre a área. Já na questão das finanças, é muito comum a falta de formação de preços baseado em estudos. A desorganização tanto financeira, quanto operacional, também acabam afetando a saúde dos negócios”, destaca o analista. Segundo ele, antes mesmo de abrir a empresa, é importante que o empreendedor crie um plano de negócio para analisar qual será o público-alvo e as estratégias de marketing mais adequadas.
 
Cleto Paixão aponta ainda que entre os principais cuidados que o empreendedor precisa ter para garantir o controle do seu próprio negócio é entender todas as sistemáticas que envolvem também o fluxo de caixa da empresa. “É importante dominar os valores de entradas e saídas e criar também estratégias baseadas nessas informações. Por exemplo, não adianta querer dar um desconto para um produto, se a pessoa não sabe exatamente quanto é que ele custa no mercado”, afirma o analista. 

GESTOR RECIFE 

Para auxiliar os empreendedores na profissionalização e gestão dos negócios no Recife, a Prefeitura do Recife oferece há seis meses, de forma gratuita, o Gestor Recife, que funciona dentro do portal Conecta Recife. A ferramenta digital atualmente é usada por cerca de 500 empreendedores de diversos setores, mas a expectativa é que esse número continue crescendo. 

A ferramenta digital faz análise de desempenho da empresa e oferece automação de processos importantes, como venda e fluxo de caixa, além de controle de insumos. O sistema pode ser utilizado para empresas de diversos segmentos como salão de beleza, bares, lojas, entre outros.   

A empreendedora Luanna Montenegro, de 21 anos, atua na produção de ecobags como principal produto da sua loja online, a Artperlua. Ela produz as artes e as estampas e tem ajuda da mãe Suely, na parte da costura e confecção das bolsas. O negócio nasceu em 2021, na mesma época em que ela iniciou o curso de artes visuais na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 
 
 (Foto: Instagram @nayaraalexandrefotografia)
Foto: Instagram @nayaraalexandrefotografia
 

Ela começou a usar o Gestor Recife em novembro de 2024, por meio da indicação de consultores do Sebrae, com o objetivo de melhorar o controle de estoque e fluxo de caixa. De acordo com ela, o principal impacto positivo da ferramenta no negócio foi o controle de estoque. “Eu tinha muita dificuldade de manter uma organização da matéria prima e produtos que tinha. Com o Gestor Recife, consegui conectar automaticamente a matéria prima com os produtos, pois ele calcula sozinho o valor de custo e quantidade de insumo utilizado para fabricar um produto”, explica.  
 
 Luanna Montenegro da @Artperlua (Foto: Divulgação)
Luanna Montenegro da @Artperlua (Foto: Divulgação)


Ainda segundo Luanna, o Gestor Recife também oferece um balanço geral de tudo que é produzido e vendido, facilitando ainda mais a organização, com informações sobre os produtos disponíveis e os que precisam de reposição. Antes de usar o Gestor, ela utilizava planilhas online que não ofereciam o controle do fluxo de caixa e sempre acabava esquecendo as datas dos pagamentos.

“Antes eu estava receosa em ter que usar plataformas pagas e de difícil acesso, ou ainda ter que contratar alguém para lidar com essa parte do negócio. Mas felizmente me indicaram o Gestor Recife que, além de caber no meu orçamento, por ser gratuito, é oferecido pela prefeitura e isso o torna o acesso mais confiável, tanto para o empreendedor, quanto para os clientes”, conclui Luanna.

Já a empreendedora Priscylla Barbosa, de 32 anos, criou em 2022 a Loja Mysa. O negócio é focado na confecção de camisas, com estampas que exaltam a cultura local. No início, ela fazia a prestação de contas usando o programa Excel, mas com o crescimento da loja precisou profissionalizar a gestão de negócios e começou a usar o sistema. 

“Usando o Gestor eu consigo ter controle do que eu compro de material, vendas, estoque, consigo fazer relatórios e isso tem me ajudado a profissionalizar meu trabalho. Antes eu fazia de forma caseira apenas com a preocupação de prestar contas do trabalho para um parceiro comercial. Hoje eu tenho uma organização muito maior e isso é muito importante”, afirma. Por ser gratuita, a plataforma gera uma economia anual estimada entre R$ 3 mil e R$ 5 mil reais na contratação de sistemas de gestão.

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