ORIENTE MÉDIO

Irã x Israel: saiba como o conflito entre os países pode afetar o Brasil

Especialistas reforçam que conflitos externos reforçam a necessidade do Brasil de aumentar a capacidade interna de produção e refino do petróleo

Publicado em: 19/04/2024 15:17 | Atualizado em: 19/04/2024 15:41

Os ataques fizeram com que um Grupo de Trabalho fosse criado pelo Ministério de Minas e Energia para monitorar o preço do petróleo no mercado global (foto: Divulgação/Petrobras)
Os ataques fizeram com que um Grupo de Trabalho fosse criado pelo Ministério de Minas e Energia para monitorar o preço do petróleo no mercado global (foto: Divulgação/Petrobras)

O conflito entre Irã e Israel levantou preocupações sobre os possíveis efeitos econômicos e políticos de uma possível guerra no Oriente Médio para o Brasil. Os ataques entre os países fizeram com que um Grupo de Trabalho fosse criado pelo Ministério de Minas e Energia, na última segunda-feira (15), para monitorar o preço do petróleo no mercado global. Para o ministro Alexandre Silveira, é importante estar atento aos valores da commodity, pois o petróleo interfere diretamente no preço dos combustíveis, na atividade industrial e nos índices de inflação na economia mundial.

 

"Estamos vigilantes sobre o assunto e, por isso, determinei a criação de um grupo de trabalho para monitorar a oscilação do preço do petróleo Brent, de modo que possamos agir, dispondo dos mecanismos que já temos à disposição, respeitando sempre a governança das empresas que atuam no Brasil", enfatizou o ministro em comunicado. A portaria que regulamenta do Grupo de Trabalho para monitorar o preço do petróleo está prevista para ser publicada na próxima semana no Diário Oficial da União.

 

 

 

Ao Correio, o conselheiro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais, Gelton Pinto Coelho, pontua que os conflitos externos reforçam a necessidade do Brasil de aumentar a capacidade interna de produção e refino do petróleo. "É cada vez mais urgente e necessário retomar o projeto de suficiência energética para não dependermos demasiadamente de importações. O mesmo vale para os insumos agrícolas já que a nossa produção ainda depende de importações. O cenário externo não me parece, pelo menos nos próximos meses, dar sinais de melhoras. Com a eleição nos Estados Unidos, as guerras em curso e conflitos que podem escalar, o Brasil vai cada vez mais necessitar de políticas adequadas ao enfrentamento de dificuldades", explica o especialista.

 

Por outro lado, o conselheiro do Conselho Federal de Economia, Claudemir Galvani, avalia que o conflito entre Irã e Israel não deve afetar o Brasil no âmbito das relações diplomáticas porque o país se mantém em uma política de conciliação e paz. "Mas em relação aos preços dos combustíveis, se o conflito não se escalar contra a população civil, entendo que não há razão para o aumento do preço. O que aconteceu logo em seguida ao ataque do Irã contra Israel foi que o preço do petróleo subiu e logo depois caiu. Se o conflito se recrudescer, aí sim o preço deve disparar, porque os países islâmicos são grandes produtores de petróleo", afirma Claudemir.

 

"Em relação à Bolsa de Valores, tenho a impressão que pode haver queda no primeiro momento, mas em seguida deve ocorrer como o petróleo se não houver escalada no conflito, pois a Bolsa é guiada por expectativas dos investidores", emenda o conselheiro.

 

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Goulart lembra que se estreito de Ormuz (por onde passa a maioria do petróleo) for fechado, poderá ocorrer uma situação parecida com a da Guerra entre Rússia e Ucrânia, com a possibilidade de aumento da energia e inflação.

 

 

Impacto político

 

Ainda nesse sentido, o professor Roberto Goulart reforça o perfil "pacificador" do Brasil e cita que o país tem boas relações tanto com Israel quanto com o Irã. Segundo o especialista, o conflito entre os dois países tem a tragédia na Faixa de Gaza como pano de fundo e o temor que os ataques escalem pelo Oriente Médio existe.

 

"O Brasil acompanha de perto a geopolítica e sempre se colocou como possível mediador, em 2010 isso ocorreu com o Irã e agora com a questão da Palestina também, embora Israel quisesse que o país tomasse um lado no conflito", lembra o professor Roberto.

 

Inicialmente, o Brasil pediu a contenção dos dois países para evitar a escalada de um conflito. Depois, o ministro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, ampliou o tom e condenou os ataques de Irã contra Israel. "O Brasil condena sempre qualquer ato de violência e o Brasil conclama sempre o entendimento entre as partes”, disse o chanceler, na última segunda-feira (15).

 

 

Sobre o conflito entre Irã e Israel

 

No último sábado (13), o Irã lançou mais de 350 drones e mísseis contra Israel, que foram quase totalmente interceptados. As autoridades iranianas afirmaram que agiram em "legítima defesa" após o bombardeio contra o consulado em Damasco, no dia 1º de abril. O ataque matou Mohammad Reza Zahedi, comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã, além de outros seis membros da Guarda Revolucionária, entre eles mais dois comandantes.

 

Na última quinta-feira (18), as agências de notícias estatais do Irã reportaram um série de ataques por mísseis na cidade de Isfahan, localizada na região central do país, na noite desta quinta-feira (18), no horário de Brasília. Oficiais do governo dos Estados Unidos confirmaram para as emissoras estadunidenses ABC, CNN e CBS, que o ataque teve autoria de Israel.

 

A relação entre os dois países é marcada por tensões. Irã e Israel cortaram relações em 1979 após a Revolução Islâmica. Alguns anos depois, Israel invadiu o Líbano e o Irã apoiou a criação do Hezbollah. O grupo é acusado de fazer diversos ataques contra judeus e israelenses e de ser aliado do Hamas. As tensões voltaram a crescer na região após o início do conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023.

 

 

Confira as informações no Correio Braziliense

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