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Indicação ao comando da Petrobras é avaliada pelo Conselho de Administração

 (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O Conselho de Administração da Petrobras se reúne hoje para votar a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) à presidência da estatal. Apesar da aprovação ser dada como certa, a troca do comando traz incertezas para o mercado financeiro, em meio à expectativa de que seja revista a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), que atrela o valor dos combustíveis no país às cotações, em dólar, no exterior.

Na terça-feira, Prates teve seu nome aprovado por um comitê interno da empresa encarregado de avaliar a aptidão e a idoneidade de candidatos a cargos de direção. O senador, que é advogado e economista, com especialização na área de petróleo e gás, já questionou o PPI em diversas ocasiões. Em dezembro, ao ter a indicação anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele afirmou que pretendia alterar a regra, instaurada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em 2016.

Ao Correio, interlocutores de Prates disseram que, até que ele "sente na cadeira da Presidência", não serão dadas declarações de possíveis mudanças que estejam sob sua esfera de decisão.

Em relatório anual a investidores no ano passado, a estatal afirmou que mudanças na política de preços dos combustíveis poderiam "ter um impacto material adverso em nossos negócios, resultados, condição financeira e valor de nossos títulos". Especialista em renda variável da Valor Investimentos, Paulo Luives lembrou que as ações da petroleira tiveram quedas relevantes desde a definição do segundo turno das eleições presidenciais, e que o mercado olha possíveis intervenções na estatal com muita desconfiança.

"Boa parte disso já está precificado desde que o nome de Prates foi ventilado. Intervenções duras na política de preços já aconteceram no passado, e isso ainda preocupa", avaliou Luives.

No início do mês, o senador adotou um discurso mais brando, assegurando que não haveria intervenção nos preços dos combustíveis. Segundo ele, a referência aos valores internacionais não seria abandonada, mas, para definir os preços internos, seria levado em conta também o custo de produção interna, em reais, inclusive considerando as variações regionais.

"Ultimamente ele tem mostrado em comportamento discreto, o que é importante para o cargo, visto que é uma escolha que envolve a área técnica e toda a mesa diretora. Falar sobre esse assunto antes de assumir o cargo de presidente é um risco enorme e gera ruídos no mercado", observou o economista César Bergo, sócio diretor da OpenInvest.

Um projeto de Prates, aprovado no Senado com apoio do governo, mas posteriormente barrado por iniciativa do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, propõe a criação de um fundo de estabilização de preços. A ideia é evitar grandes aumentos aos consumidores em momentos de alta volatilidade do mercado.

Para o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o perfil do senador sugere a continuidade da política atrelada à evolução dos preços internacionais. No entanto, o governo já sinalizou que está preocupado com os impactos inflacionários desse modelo e deixou clara a intenção de mudá-lo.

"Podemos esperar um meio termo, sem abandono do parâmetro técnico, mas com uma atenção maior aos impactos inflacionários, com um esforço voltado para que os reajustes praticados pela Petrobras sejam mais espaçados", avaliou Gonçalves. Para ele, as propostas apresentadas até o momento pelo senador seriam uma alternativa para controlar oscilações que "causam relativa incerteza na economia".

Consumidor
 
Até que a política de preços seja eventualmente alterada, o regime do PPI continua valendo. Na última terça-feira, a estatal anunciou um reajuste de 7,46% nos preços da gasolina cobrado das distribuidoras para reduzir a defasagem com as cotações internacionais. Com isso, o litro do produto passou, ontem, de R$ 3,08 para R$ 3,31. A alta valeu apenas para as distribuidoras, mas muito postos de revenda não esperaram as novas faturas para repassar o aumento para o consumidor.

No Distrito Federal, a gasolina, cujo preço médio estava em R$ 4,87, já era vendida aos consumidores por, ao menos, R$ 5,10. Em alguns postos, para pagamento no cartão de crédito, o litro do combustível chegava a R$ 5,69.

No entanto os preços da gasolina já foram bem mais elevados por conta da PPI. Em junho do ano passado, quando as cotações do petróleo alcançaram US$ 139,38 no mercado internacional, o maior valor em 14 anos, o combustível chegou a ser vendido por R$ 7,39.

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