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LEVANTAMENTO

Economia cresce 1% no Brasil impulsionada pelo setor de serviços

 (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Puxado pelo setor de serviços, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o terceiro resultado positivo, depois do recuo de 0,2% no segundo trimestre de 2021.

O PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, chegou a R$ 2,249 trilhões em valores correntes. Com esse resultado, ficou 1,6% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica, registrado no primeiro trimestre de 2014. O patamar atual está próximo do verificado no primeiro trimestre de 2015.

Com o relaxamento das medidas de restrição sanitária e a maior circulação de pessoas, o setor de serviços turbinou a economia pelo lado da oferta. O segmento, que responde pela maior parte da atividade econômica do país, avançou 1% ante o quarto trimestre de 2021, enquanto a indústria, por exemplo, cresceu apenas 0,1%. Já a agropecuária, que sempre funcionou como motor do PIB, caiu 0,9%, devido à quebra da safra de soja pela seca que atingiu a região Sul.

Do lado da demanda, o consumo das famílias avançou 0,7%, sendo o principal responsável pela alta do PIB. Chamou a atenção, por outro lado, a queda de 3,5% dos investimentos, um indicador de quanto a economia pode se expandir no futuro,

O Ministério da Economia considerou que o crescimento de 1% do PIB foi "robusto" e mostrou que a economia brasileira está resiliente. A equipe econômica prevê que esse desempenho deve continuar ao longo do ano, na contramão de avaliações de analistas de mercado — que veem desaceleração da atividade a partir do segundo semestre. O governo aposta em alta de 1,5% do PIB em 2022.


Ranking
A agência classificadora de risco Austin Rating publicou ontem que o resultado do PIB do primeiro trimestre fez o Brasil ficar na 9ª posição no ranking internacional de desempenho econômico entre 32 países, à frente de Reino Unido (0,8%), Coreia do Sul (0,8%) e Suíça (0,5%).

Ao Correio, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, observou, no entanto, que o resultado do período veio abaixo das expectativas do mercado, que eram de 1,5% — mais pessimista, a Austin projetava 0,6%.

"Esse PIB não está contaminado com o processo de elevação das taxas de juros globais. Teve pouca contaminação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que começou no final de fevereiro. Também não foi contaminado com as expectativas de reduções do crescimento dos Estados Unidos e da China, cujo debate começou no início do abril", avaliou Agostini.

De acordo com o economista da Austin Rating, o governo federal deve comemorar por pouco tempo o resultado. "É algo momentâneo e dificilmente o país conseguirá sustentar esse crescimento no segundo semestre. Até pode ter algum desempenho positivo no segundo trimestre, mas, na segunda metade do ano, teremos maior incidência dos impactos negativos da alta dos juros", explicou.

A economista Natalie Verndl, da Universidade de São Paulo (USP), destacou que a expectativa do mercado estava atrelada à retomada do setor de serviços, mesmo considerando a variante ômicron da covid-19. "O agronegócio, que não estava muito bom, puxou um pouco para baixo, mas estava dentro da conta", explicou. "Estamos dentro da tempestade perfeita, no cenário das altas inflacionárias e de juros, garantindo pouco crescimento com eventos como copa, carnaval e eleição", disse. "Há ainda a questão da guerra da Ucrânia, que dificulta o abastecimento em escala global", acrescentou.

O resultado do PIB repercutiu no Senado. Na oposição, o senador Jean Paul Prates (PT-RJ) avaliou que o que pesou no resultado foi a alta inflacionária. "A economia está parada com a inflação. O PIB não consegue deslanchar, até porque estamos em uma situação crítica com os combustíveis e nesse processo todo de tarifa de energia", afirmou.

Já na visão do senador Otto Alencar (PSD-BA) o crescimento de 1% é consequência da retomada de muitos setores, como o turismo interno e o próprio agronegócio, mas ainda assim, a expectativa era um resultado melhor. "Por outro lado, com inflação e juros altos, a perspectiva de continuidade do crescimento não é muito boa", disse.

Expectativa no comércio
Aberta em 1971, a tradicional Barbearia Peixoto, no Setor Sudoeste, viu a clientela crescer nos últimos meses, com a diminuição das restrições à circulação de pessoas, na esteira da melhora dos números da covid-19. Segundo o proprietário Lázaro Peixoto, 31 anos, "de janeiro de 2020 para janeiro de 2022, o movimento ainda está 40% menor do que era antes da pandemia, mas. de janeiro pra cá, é visível um aumento, devagar, mas que acontece de mês a mês".

"Acreditamos que, no segundo semestre, que é sempre mais forte, vai melhorar bastante", completou Peixoto.

Apesar do que é apontado pelas estatísticas, o crescimento do PIB divide opiniões entre os comerciantes de Brasília, já que nem todos afirmam ter sentido uma melhora nos negócios.

Para a proprietária da Le Petit Papelaria, Mariana Dolabella, 40 anos, a situação nos primeiros três meses do ano piorou. "A expectativa era de que, com a volta do funcionamento do comércio, aumentasse (o faturamento da empresa). Mas ainda não sentimos a melhora", declarou ela.

O PIB deste trimestre foi puxado pelo setor de prestação de serviços. Porém, tanto a Barbearia Peixoto quanto a papelaria Le Petit não pretendem contratar novos funcionários em um futuro próximo.

Quando questionada em relação a isso, Dolabella disse: "Tínhamos três funcionários e, agora, estamos com dois. Foi uma necessidade da empresa, de diminuir os gastos. Não temos perspectiva para contratações". Já Peixoto declarou: "Temos uma posição de barbeiro disponível, só que vai depender do que o movimento demonstrar. Mas outras contratações, não".
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