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RELATÓRIO

Turismo no Brasil tem crescimento tímido por quase 20 anos e piora com a pandemia

Publicado em: 01/03/2022 09:23

 (Foto: Riotur/Divulgação)
Foto: Riotur/Divulgação
Carlton Lee Jones, 26 anos, é da Flórida, Estados Unidos, e adora viajar para o Brasil. "Já fui cinco vezes nos últimos anos. É um lugar seguro para viajar, até porque existe a parte negativa em todos os lados do mundo. Na minha opinião, o turismo brasileiro é interessante, tirando a parte dos buracos das ruas e a distância do aeroporto das cidades pequenas", disse o morador de Fort Lauderdale. No entanto, a apreciação não é a mesma para todos os viajantes estrangeiros. Pelo menos é o que dizem os números.

Relatório da Organização Mundial do Turismo (OMT), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que, entre 2000 e 2019, o fluxo de turistas no mundo aumentou 117,5%, saltando de 673 milhões para 1,5 bilhão de pessoas. No Brasil, porém, o avanço foi de apenas 19,6% no mesmo período: de 5,3 milhões para 6,4 milhões ao longo de 19 anos.

Com a chegada da pandemia, a situação piorou. Levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que o turismo foi o setor mais afetado durante a crise sanitária no Brasil. De acordo com a entidade, os gastos de turistas no país caíram 49% em 2020. De R$ 6 bilhões em 2019, o montante diminuiu para R$ 3 bilhões em 2020.

Ao Correio, o Ministério do Turismo informou que o Brasil recebe, anualmente, mais de 6 milhões de turistas estrangeiros. "Em 2020, como reflexo da pandemia, as chegadas de turistas internacionais caiu 66%, passando de 6,3 milhões em 2019 para 2,1 milhões em 2020. Ou seja, o Brasil deixou de receber 4 milhões de turistas por causa da pandemia.

A Argentina continuou sendo o principal país emissor (887,8 mil — cerca de 41% do total), seguida dos EUA (172,1 mil), Chile (131,1 mil) e Paraguai (122,9 mil)", informou a pasta, por meio de nota.

"O estado de São Paulo continuou sendo o principal portão de entrada de turistas internacionais no Brasil, com representatividade de 29,5%. O Rio de Janeiro passou a ser o terceiro principal portão, com 17,6%, cedendo o segundo lugar para o Rio Grande do Sul, com 23,3%", completou.

Helena Costa, professora do departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade da instituição, observa que o Brasil não integra grandes fluxos globais de turismo. "Basicamente, é centrado na América do Sul. Ao olhar dados divulgados pelo Ministério da Economia em 2021, a maior parte dos turistas estrangeiros vem de países fronteiriços com o Brasil, com destaque para a Argentina", explicou.

Segundo a especialista, é preciso compreender esse cenário para trabalhar os mercados que têm maior potencial. "Principalmente os latino-americanos, em uma visão mais expandida. Claro, há dificuldade em trazer um fluxo expressivo de turistas da Oceania, África e Ásia, até mesmo por questões logísticas, porque é longe. Mas, obviamente, o Brasil precisa alavancar o seu turismo ao redor do que tem de mais único para ofertar, como a biodiversidade", sugeriu.

Helena destaca que a pandemia prejudicou muito o fluxo turístico no país, seja o relacionado à entrada de estrangeiros (turismo receptivo) ou à saída dos nativos (turismo emissivo) rumo a outros países. De acordo com dados do Banco Central, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 5,25 bilhões em 2021, uma queda de 2,7% ante 2020, quando o valor somou US$ 5,394 bilhões. O desempenho foi o menor desde 2005, ano em que os brasileiros gastaram US$ 4,720 bilhões. "Então, somando a pandemia mais a desvalorização do real e o custo da viagem internacional, não está podendo viajar para fora", disse a especialista.

Recuperação
"O ano 2022 será de certa recuperação para as operações de turismo, mas não de recuperação total, porque ainda estamos conhecendo as repercussões das novas variantes da Covid-19 e seus picos", disse a professora Helena Costa.

A Organização Mundial do Turismo diz que para uma recuperação efetiva do turismo no mundo inteiro, deve haver uma implantação rápida e mais ampla da vacinação". "A chegada de turistas internacionais poderá crescer de 30% a 78% este ano, em comparação com 2021", completou a OMT.
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