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Percentual de famílias endividadas cresce em fevereiro em Pernambuco

Publicado em: 09/03/2021 17:23

Na análise por tipo de dívida, cartão de crédito foi apontado pela maioria das famílias. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Na análise por tipo de dívida, cartão de crédito foi apontado pela maioria das famílias. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

O percentual de famílias pernambucanas endividadas teve crescimento entre janeiro e fevereiro, passando de 78,1% para 79,3% na variação mensal. Esse é o pior resultado para os meses de fevereiro desde 2010, quando foi iniciada a série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Este é também o maior índice entre os meses desde julho de 2011, quando o percentual foi de 81,3%. Os números comprovam as dificuldades e o período de restrição financeira para as famílias do estado no início do ano, principalmente por conta do fim de programas emergenciais, além do ritmo lento da geração de empregos e da inflação.

O percentual de 79,3% equivale a 409.271 famílias endividadas em Pernambuco, um aumento de 6.736 lares no estado em um mês. Em relação a fevereiro de 2020, a alta foi de 40.247 famílias. As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 29,8%, alta em relação a janeiro de 2021 e a fevereiro do ano anterior, que registraram percentuais de 29,3% e 29,5%, respectivamente. Já a parcela da população com a situação mais crítica, que são aquelas que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, mostrou percentual de 12,2%, o que corresponde a 62.771 mil famílias inadimplentes. 

O resultado por tipo de dívida mostra que o cartão de crédito continua sendo o mais apontado, atingindo 94%, apresentando alta em relação a janeiro, quando o percentual foi de 93,9%. O endividamento com carnês aparece em seguida, com 20,1% ante 17,2% no mês anterior. A maioria das famílias endividadas (57,4%) informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda, o comprometimento médio em janeiro de 2021 atingiu 28,9% da renda.

O auxílio emergencial injetou mais de R$ 16 bilhões no estado e o segundo mês do ano é afetado pelo fim do benefício, que tinha contribuído para amenizar a queda do consumo, além de puxar as vendas de atividades mais ligadas ao isolamento social, como móveis, eletrodomésticos, material de construção e alimentação. A retirada desses recursos do orçamento dos mais vulneráveis e da população na informalidade acaba incentivando o uso de financiamento para manter o padrão de consumo adquirido nos meses de pandemia. Além disso, parte das famílias que receberam o auxílio já compraram a prazo e agora com o fim do programa o endividamento pode ser levado para níveis mais críticos.

O orçamento das famílias pernambucanas vem sofrendo restrições ainda maiores por conta também do período de incentivos ao consumo, no final do ano, como em novembro e dezembro, e pelo aumento das despesas no começo do ano. Além disso, setores que demandam muita mão de obra estão sofrendo os impactos da pandemia do coronavírus, como é o caso do comércio, serviço e turismo, fazendo com que o mercado de trabalho demore ainda mais para reagir. 

A perspectiva para março é da continuidade da elevação do endividamento, já que as restrições no orçamento devem ser mantidas, com o pagamento de impostos, reajustes dos serviços e compra de material escolar. Porém, os índices podem amenizar caso o novo auxílio seja aprovado e concedido ainda em março de 2021.

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