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Bolsa encerra a semana no vermelho e recua para 120 mil pontos

Publicado em: 15/01/2021 21:16

 (Foto: Arquivo/Agência Brasil
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Foto: Arquivo/Agência Brasil
Após altas e baixas durante a semana, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o pregão desta sexta-feira (15) no vermelho, recuando para o patamar de 120 mil pontos no dia em que o mundo atingiu a marca de 2 milhões de mortos pela Covid-19. Com um tombo de 2,54% no dia, fechou o pregão a 120.348 pontos, acompanhando a queda generalizada das bolsas internacionais que não demonstraram muita empolgação com o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão prometido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, enquanto a Europa intensifica as restrições por conta do agravamento dos casos da Covid-19 no Velho Continente.

Em Nova York, o Índice Dow Jones recuou 0,57% e o Nasdaq fechou com queda de 0,87%, pouco abaixo da queda de 0,91% do FTSE, de Londres. Em meio ao colapso na saúde no estado do Amazonas, as perdas da B3 somaram 3,78% na semana.

Apesar de estar no campo positivo no acumulado do ano, com alta de 1,1%, e ter atingindo o pico 125 mil logo nos primeiros pregões de janeiro, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, deverá apresentar bastante oscilação ao longo de 2021, na avaliação de analistas ouvidos pelo Correio.

Segundo eles, a Bolsa está muito instável, refletindo, em parte, as incertezas do desempenho do doméstico e da efetividade de um plano nacional de vacinação, que está bastante atrasado, sem uma definição clara da estratégia do governo para minimizar os efeitos da pandemia no país. Esse cenário é refletido na volatilidade e os operadores tentam compensar a falta de definição interna com a expectativa de bons ventos no mercado externo, com o aumento da liquidez global  por conta dos pacotes dos países desenvolvidos, algo que favorece emergentes de forma geral. 

“Há muitas incertezas na economia e ainda não sabemos se o programa nacional de vacinação contra a Covid-19 no país, que está andando a passos lentos, será bem sucedido. Por conta disso, a Bolsa está muito volátil, refletindo essas incertezas do momento também”, explicou a economista Juliana Inhasz, professora do Insper. “A explosão de casos no país gera uma incerteza maior ainda e, hoje, querendo ou não, a Covid-19 é um ingrediente forte para a Bolsa. E algumas notícias, como o fechamento das fábricas da Ford, causam desconforto para as análises do impacto macroeconômico”, destacou.

De acordo com a especialista em finanças, as notícias da tentativa de intervenção do presidente Jair Bolsonaro no Banco do Brasil também atrapalham as negociações na Bolsa durante a semana, e a queda das ações do banco público foram parcialmente compensadas pela alta de papéis de bancos privados. “Mas as pessoas ainda se encontram em situação de fragilidade e a economia vai se recuperar gradualmente. Por isso, a realidade não é muito favorável para o otimismo recente dos operadores da Bolsa", acrescentou.

Diante da volatilidade elevada na Bolsa neste início de ano, José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, evita fazer projeções para o Ibovespa em 2021. “Não há ainda como prever qual será o futuro para a Bolsa, porque tudo ainda está muito incerto”, disse ele, lembrando que a vacinação em massa no país será um dos fatores decisivos para determinar o ritmo de retomada da economia em 2021.”O mercado começou o ano otimista e parecia que iria engrenar com a expectativa do pacote de US$ 1,9 trilhão dos Estados Unidos. Mas, a queda desta sexta-feira mostra que não há nada certo e, por isso, a Bolsa fica com esse comportamento bipolar”, acrescentou.

Otimismo
Na véspera, embalada com a expectativa do anúncio do pacote fiscal de Biden, o Índice Bovespa subiu 1,27% e, hoje, recuou 2,54%, provavelmente, em um movimento de realização de lucros, após a apresentação do novo plano fiscal. Na avaliação Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos, a queda da B3 nesta sexta-feira foi resultado de um movimento de realização de lucros. A entidade está otimista em relação à Bolsa, pois prevê valorização de 17,6% no Ibovespa em 2021, devendo encerrar o ano em 140 mil pontos.

“Apesar dos problemas atuais, o principal driver do mercado é a expectativa de normalização com a vacinação ocorrendo ao longo do ano. Por isso, o nosso viés é otimista para o Ibovespa”, explicou Zambello. Segundo ele, as oportunidades de investimentos em ações neste ano serão em bancos privados, que fizeram uma boa provisão em 2020, e em empresas exportadoras, como a Vale e a Petrobras.

Na avaliação de Zambello, em 2021, as pressões inflacionárias devem persistir ao longo do ano, em grande parte, devido ao câmbio, que deverá continuar valorizado frente ao real. Isso é percebido em vários indicadores, como o IGP-M, que serão repassados ao consumidor. Por conta disso, a Necton prevê um cenário para a taxa básica de juros (Selic) voltando a subir ainda no primeiro trimestre de 2020, encerrando o ano em 4%, o dobro da taxa atual, de 2% anuais. A divisa norte-americana voltou a registrar alta hoje, e encerrou o dia com valorização de 1,81%, cotada R$ 5,30 para a venda.
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