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Apesar de queda em dezembro, número de endividados em PE é o maior da década

Publicado em: 07/01/2021 17:21 | Atualizado em: 07/01/2021 17:25

O tipo de dívida mais apontado continua sendo o cartão de crédito.  (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
O tipo de dívida mais apontado continua sendo o cartão de crédito. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
O percentual de endividados, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) pernambucano, recuou em dezembro de 2020 após duas altas consecutivas. A taxa de famílias endividadas no estado atingiu os 76,7%, ante 77,4% do mês de novembro. O movimento de queda não era esperado por analistas, visto que o último mês do ano traz incentivos para um maior nível de consumo por causa do Natal e do Ano Novo, além do pagamento da segunda parcela do décimo terceiro salário. Apesar da queda mensal, este é o maior percentual de endividados desde 2010, quando o indicador atingiu 79,8%.

A pesquisa de sondagem de opinião realizada pelo Instituto Fecomércio apontou ainda crescimento na pretensão de comemorar as últimas festividades do ano quando comparado com as pesquisas anteriores como a Black Friday e a do dia das crianças de 2020, mas a maioria dos pernambucanos responderam que comemorariam de uma maneira mais barata, em casa com a família, e pagando a vista, em dinheiro ou no débito, o que pode ter favorecido a queda do endividamento.

O Natal, a principal data do calendário de consumo dos brasileiros e a mais importante para o Varejo em termos de faturamento, contribuiu de maneira significativa para a queda do número de endividados não fosse maior, visto que no período existe um aumento tradicional do consumo e consequentemente da manutenção de parte dos endividados. A data carrega um apelo emocional forte o que acaba contribuindo para um maior nível de compras da população.

A possibilidade de uma nova onda de infecção com a Covid-19 também pode ter contribuído para que o endividamento caísse, visto que o cenário acaba elevando o comportamento conservador das famílias e freando parte do consumo, principalmente das compras financiadas já que as incertezas para a economia no curto e médio prazo voltam a se elevar.

A queda do endividamento também pode ter sido influenciada pelo pagamento da segunda parcela do 13º salário, que pode ter sido usada por parcela relevante dos que recebem o benefício para abater dívidas. O nível de consumo subiu assim como o endividamento em novembro, período do pagamento da primeira parcela para grande parte das pessoas, já a segunda parcela pode ter sido usada com mais cautela, voltada a pagar dívidas para um início de ano menos restrito em termos de orçamento familiar.

A possibilidade de fim do auxílio emergencial também contribuiu para o movimento de queda do endividamento, visto que aumentou o não recebimento do recurso aumentará a partir de janeiro a restrição orçamentária das famílias o que acaba retirando os incentivos do consumo financiando por crédito. O programa injetou mais de R$ 10,7 bilhões na economia pernambucana entre abril e outubro de 2020, o que possibilitou a manutenção do consumo das famílias, contribuiu para amenizar a queda da massa salarial e segurou parte da confiança da população, principalmente daqueles que estavam alocados na informalidade dos que estavam em vulnerabilidade social. Pernambuco foi o quinto que mais recebeu recursos do programa, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro, refletindo o tamanho da importância do projeto para a economia pernambucana durante os meses de restrições mais severas.

O mercado de trabalho também é um dos vetores de redução do endividamento, visto que o elevado nível de desemprego já cria restrição de dívidas, além disso a sazonalidade de maiores níveis de demissão no início do ano devido a fim de contratos temporários, reestruturação de equipes e final de safra de produtos como a cana-de-açúcar também atuam como redutor de incentivos. Um cenário mais adverso a frente e a possibilidade de não estar empregados e sem auxílios dados pelo governo podem ter contribuído para parte das famílias focassem na redução de dívidas.

O percentual de 76,7% equivale a 398.820 famílias endividadas, redução de 3.142 lares em um mês, já em relação ao mesmo período de 2019 houve uma alta de 20.096 famílias. As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 28,0%, queda em relação a novembro e quando comparado a novembro do ano anterior, que registraram percentual de 29,8% e 29,4%, respectivamente. O movimento é positivo pois o percentual de famílias nesta situação recuou pela quarta vez consecutiva, o que comprova que parte das famílias se encontra com comportamento mais conservador e que vem trabalhando em um menor ritmo de consumo e de ajuste em suas finanças. Atualmente, no estado, 144.090 famílias estão com alguma conta em atraso.

Já a parcela da população com a situação mais crítica, que são aquelas que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, mostrou percentual de 11,3%, o que corresponde a 58.085 mil famílias inadimplentes. Como no grupo anterior, este grupo apresentou a segunda queda consecutiva no número de famílias nesta situação, com queda mensal de 6.845 lares. Já na comparação anual o percentual de famílias inadimplentes mostrou leve alta e teve aumento de 539 lares.

Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontado continua sendo o cartão de crédito, atingindo 95,1%, apresentando crescimento quando comparado a novembro onde o percentual era de 93,7%, seguido pelo endividamento com carnês, que representa 22,1%, ante 27,2% do mês anterior, o que reflete uma desaceleração do consumo daqueles que estão sem acessar créditos mais baratos como o cartão de.  A maioria das famílias endividadas (55,7%) informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda, o comprometimento médio em dezembro atingiu 28,8% da renda.

Para o mês de janeiro, é esperado um retorno da elevação do endividamento, visto que o mês apresenta maiores restrição do orçamento, como o pagamento de impostos, reajustes dos serviços, compra de material escolar, além de uma fatura já elevada do consumo de final de ano.

 
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