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Renda dos mais pobres vai cair 20% com corte do auxílio, diz Ipea

Publicado em: 29/09/2020 13:54

 (FOTO: PAULO PAIVA/DP)
FOTO: PAULO PAIVA/DP
A redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 deve reduzir em quase 20% a renda dos domicílios mais pobres, que hoje têm sido em boa parte sustentados pelo auxílio emergencial. É o que revela um estudo publicado nesta terça-feira (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Cálculos do Ipea, realizados com base nos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que as famílias de renda muito baixa hoje têm recebido apenas R$ 367 por mês por meio do trabalho. Isto é, apenas 68% do rendimento que conseguiram tirar das suas atividades profissionais antes da pandemia de Covid-19.

Essas famílias, porém, têm conseguido se sustentar por conta dos pagamentos do auxílio emergencial e dos demais programas sociais do governo. O Ipea estima que essas políticas conseguiram elevar para R$ 1.168,30 a renda domiciliar média das famílias de baixa renda no mês passado. Porém, projeta que esse rendimento vai cair para R$ 941,53 a partir deste mês de setembro, já que o auxílio será reduzido de R$ 600 para R$ 300.

"Entre os domicílios de renda muito baixa, a diminuição do auxílio emergencial pode reduzir a renda domiciliar em cerca de 20%", concluiu.

O Ipea também calcula que, de modo geral, a renda média dos domicílios brasileiros vai sofrer um baque devido ao corte do auxílio. Neste caso, o corte será de 5,2%. É que, em agosto, a renda total efetiva dos lares brasileiros foi de R$ 3.828,58. Porém, esse rendimento médio deve cair para R$ 3.628,49 com o auxílio de R$ 300.

Por conta disso, o Ipea acredita que o auxílio emergencial não será mais suficiente para cobrir todas as perdas de renda sofridas na pandemia de covid-19. A expectativa é que, no geral, a renda domiciliar efetiva dos domicílios de baixa renda fique 2% abaixo da renda habitual neste mês. Nos lares de renda muito baixa, contudo, ainda haverá uma compensação. O incremento deve ser de 6%, contra os 32% observados em agosto.

O Ipea pondera, por sua vez, que há uma "expectativa que as diferenças entre as rendas efetivas e habituais continuem se reduzindo nos próximos meses, mitigando, dessa forma, o impacto da redução do auxílio emergencial". Afinal, a flexibilização do isolamento social tem permitido a retomada de uma série de atividades econômicas, inclusive dos trabalhadores informais, que são o foco do auxílio emergencial.
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