Soluções
Mercado de eventos de Pernambuco se reinventa para enfrentar pandemia
Por: Luciana Morosini
Publicado em: 04/07/2020 10:00 | Atualizado em: 18/07/2020 14:14
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| O músico João Marquee passou a oferecer aulas virtuais de guitarra e faz tradução de textos. (Foto: Pedro Benevides/Divulgação) |
As atividades econômicas foram suspensas desde o dia 20 de março e, com a estabilidade da curva de contaminação do coronavírus em Pernambuco, a flexibilização começou em XX de junho. O plano de retomada é gradual e promete durar 11 semanas até a sua conclusão. Algumas atividades já estão voltando pouco a pouco, porém outras seguem sem perspectiva de retomada por conta da natureza dos negócios. O mercado de eventos continua sentindo os efeitos das medidas restritivas e não tem previsão para que possa voltar a funcionar, já que costuma promover aglomerações e deve reabrir nas últimas fases da flexibilização. Porém, os profissionais da área estão se reinventando para superar essa fase e compensar as perdas financeiras. Alguns apostam em novos negócios na própria área que já atuavam, enquanto outros mudaram completamente a atuação.
Com a ausência dos shows há mais de 100 dias, o músico João Marquee, que toca guitarra desde 1983 e que se apresenta em diversos eventos no estado, passou a explorar as duas possibilidades para se sustentar durante a pandemia. Soluções que não exigiram investimentos e que garantiram uma renda extra. "Estou buscando me reiventar de algumas maneiras. Eu dava aulas de guitarra presenciais, mas agora sem poder ter o contato físico, comecei a dar aulas virtuais e tem dado certo, os alunos estão aparecendo. E, como também sou professor de inglês e já morei nos Estados Unidos por muitos anos, tenho feito trabalhos de tradução", explica, acrescentando que as redes sociais dão o suporte nesta nova jornada. "Como as lives agora têm uma oferta muito grande, procuro postar coisas diferente do que a maioria está fazendo, como o lançamento de alguns vídeos", completa o guitarrista.
Para Eduardo Maciel, coordenador da Unidade de Design de Eventos do Sebrae-PE, a criatividade é é fundamental para sobrevivência. "Ela já é uma permanente na vida do empreendedor, o tempo inteiro ele se reiventa, principalmente na área de eventos. O novo é o que vai seduzir o cliente, algo que nunca foi visto antes é que vai ficar marcado como especial e as possibilidades são infinitas e necessárias. A diferença é que a pandemia veio forçar uma reinvenção até mesmo de quem não se reiventava. As pessoas tiveram que correr atrás de uma solução", ressalta.
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| A estilista Cyntya Verçosa manteve produção de vestidos, mas ampliou lista de produtos. (Foto: Acervo pessoal/Divulgação) |
A expertise na área de atuação pode ajudar na reinvenção. "Muito estão mudando de produto que trabalhava e outros continuam na mesma área, mas fazendo outras entregas. Entre 40% e 50% conseguem se reinventar na sua área de atuação. Na de decoração, vi uma pessoa que trabalhava com decoração de flores para casamento que passou a fazer assinatura de flores. Você pode fazer um plano semanal, semestral ou anual e ficar recebendo as flores ou mandando para a casa de alguém que você deseja presentear. Na de música, algumas bandas estão fazendo shos para grupos fechados com uma interação maior entre os participantes e os músicos. Na de alimentação, uma pessoa que fazia festas passou a oferecer kit festas, levando para cada casa dos convidados um conjunto de itens para que a comemoração fosse coletiva mesmo à distância. O importante é entregar algo diferente ao cliente", exemplifica Maciel.
Redes sociais
As redes sociais têm sido grandes aliadas para empreendedores neste momento da pandemia, que acelerou a transformação digital. Porém, como o processo foi acelerado e as pessoas precisaram se adaptar de forma muito rápida ao mundo virtual, nem todos dominam as ferramentas. "Para ajudar, o Sebrae Pernambuco oferta soluções gratuitas e, através do Sebraetec, oferece identidade visuais para as empresas para que elas possam se apresentar nas redes sociais de forma mais atraente", detalha Eduardo Maciel. O Sebraetec oferece 10 serviços gráficos e os atendimentos são remotos. A solicitação deve ser feita com o preenchimento do formulário no https://bit.ly/Sebraetec_Express.
Com casamentos adiados, profissionais abrem leque de opções
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| Clarissa Cunha lançou uma plataforma que oferece assessoria de casamento. (Foto: Acervo pessoal/Divulgação) |
Com casamentos adiados, profissionais abrem leque de opções
Festas de casamento costumam ser marcadas com bastante antecedência. Há casais que começam o planejamento dois anos antes. Porém, os eventos de matrimônio agendados para 2020 não contavam com um imprevisto como a pandemia do coronavírus, que foi responsável por adiar o tão sonhado grande dia de muitas noivas. Com o ano parado e as datas de enlaces já remarcadas para 2021, os profissionais que atuam no mercado de casamentos também precisaram se reinventar. Se a agenda de 2021 promete eventos em dobro, foi preciso encontrar soluções para manter o rendimento neste ano.
A estilista Cyntya Verçosa, que tem 18 anos de expertise na produção de vestidos especiais para noivas, madrinhas, debutantes e formandas, viu a demanda cair com as remarcações dos casamentos. Porém, manteve o planejamento para se preparar para o próximo ano. "Continuo fazendo os vestidos que já estavam adiantados para quando chegar 2021 o atelier possa pegar novas encomendas. Próximo ano preciso vender o dobro", explica. Uma parte da equipe permanece nesta produção, mas outra se voltou para novos produtos, uma forma de manter o sustento e o quadro de 16 funcionários da empresa. "Começamos a fazer máscaras que tem sido 50% do atendimento de base para manter o atelier porque o acabamento e conforto delas são os diferenciais", afirma.
Ela também aproveitou o momento para tirar do papel projetos que já tinha ideia de tocar, mas que não colocava em prática por falta de tempo. como peças em crochê e também coisas para casa, além de pijamas de tecido e vestidos casuais. "A minha ideia de criar novas peças veio principalmente para manter a empresa com os funcionários. Elas estão treinadas para trabalhar comigo e hoje não gostaria de perdê-las. A procura pelos novos produtos está boa, mas o valor agregados deles é bem menor do que o dos vestidos. Eu tenho que vender R$ 2.500 por dia para conseguir manter minha estrutura, tem dias que consigo e tem dias que não. Porque hoje eu corro para vender um kit de 20 máscaras por R$ 160, por exemplo. Não está fácil, estou comprando de forma comedida com os fornecedores, atenta ao desperdício de um pedaço de elástico no chão e sei que preciso juntas mais vendas. Mas como tenho feito coisas diferentes, isso tem aberto portas", garante Cyntya Verçosa.
Como o planejamento dos casamentos se dão com muita antecedência, a assessora de casamentos Clarissa Cunha, que trabalha na área há sete anos, continua atendendo suas clientes, porém de um novo jeito. "Eu já fazia atendimentos virtuais porque tenho muitas noivas que moram fora do Recife. Mas adaptei isso para as recifenses também, fiz com que a mentalidade delas mudasse. Uma degustação, por exemplo, agora acontece de forma remota. Ela recebe a degustação em casa e fazemos uma reunião virtual entre a noiva, o fornecedor e eu", explica.
Além disso, ela criou uma plataforma digital para viabilizar a assessoria mais barata de forma online. "Esse era um projeto que eu tinha pronto, mas voltado para fornecedores e adaptei para as noivas e lancei faz dois meses. Ele foca em noivas que não têm como gastar muito. Elas terão acesso a cinco módulos divididos em 30 horas de vídeos, que explicam como fazer planilha, como falar com fornecedores, tudo que elas precisam ver em cada reunião, otimizar tempo, como cobrar e outros temas. Elas não terão atendimento presencial, mas podem tirar dúvidas por email. Desta forma, as noivas ficam preparadas para cuidar do próprio casamento e eu continuo tendo o giro financeiro porque os vídeos estão prontos", ressaltou, informando que a meta era de 10 vendas, mas chegou a 20. Uma nova turma será lançada no próximo dia 20.
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