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Bolsas despencam em todo o mundo após declarações de Trump sobre a China

Publicado em: 07/05/2019 08:07 | Atualizado em: 07/05/2019 08:08

Operadores do mercado acionário viram despencar os índices de quase todas as bolsas internacionais. Foto: Daniel Roland/AFP

O anúncio nas redes sociais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai aumentar de 10% para 25% as tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões de produtos chineses a partir de sexta-feira abalou os mercados ontem. As bolsas asiáticas abriram no vermelho, com Xangai, na China, liderando as perdas ao despencar 5,58% em um único dia. A de Tóquio estava fechada devido a um feriado nacional e escapou da turbulência, mas os mercados de ações da Europa e dos Estados Unidos acompanharam a Ásia e fecharam no vermelho.

O mesmo aconteceu com a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que encerrou ontem com recuo de 1,04%, a 95.009. No mês que mal começou e que coleciona quedas consecutivas desde 2010, é a segunda retração. Enquanto isso, o dólar se fortaleceu frente ao real e subiu 0,48%, cotado a R$ 3,958 para a venda.

“Essa medida do governo Trump mostra que a guerra comercial entre as duas maiores potências do planeta não acabou e isso aumenta as incertezas nos mercados emergentes, apesar de haver alguma chance de as exportações brasileiras de manufaturados para os EUA serem beneficiadas dessa vez”, avaliou o especialista em relações internacionais Wagner Parente, CEO da WBJ Consultores Associados. Contudo, ele lembrou que, na última vez em que os EUA aumentaram as tarifas de produtos chineses, essa expectativa não se contretizou.
 
Foto: Arte/CB


Commodities
E, para piorar, os preços das commodities agrícolas caíram ontem após o tuíte de Trump sobre a China. A bolsa de Chicago recuou 1% e o Bloomberg Grains Subindex Total Return, um índice da agência para os preços dos grãos no mercado global, caiu para sua mínima desde 1997, ou seja, seu mais baixo patamar em 42 anos.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, destacou que a retomada da guerra comercial entre EUA e China piora o cenário externo e deve prejudicar o Brasil, retardando o processo de retomada, estagnado pela frustração de expectativas sobre avanços da reforma da Previdência. Ele avaliou que, com o cenário internacional mais adverso, será muito difícil que o Banco Central retome um novo ciclo de queda da Selic (taxa básica da economia), como forma de tentar estimular a atividade neste ano, que está cada vez mais fraca. “Eu ainda tinha uma esperança de que, como o BC retirou da ata o risco externo, ele já pudesse iniciar a queda da Selic nesta semana. Agora, eu duvido que isso ocorra”, disse Agostini.

Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo, também acredita que, com a piora do cenário externo, a retomada da economia brasileira poderá ficar comprometida. “Desde o ano passado, está havendo uma desaceleração muito importante na economia global e o Brasil tem sofrido pouco com isso, mas é relevante. O dólar mais forte não deve ajudar o fluxo de investimento no país, que aguarda que o governo faça a lição de casa e dê sinais claros de que está fazendo o ajuste fiscal aguardado há décadas”, destacou.

Apostas
Ao taxar mais produtos chineses, Trump está dobrando as apostas após os dados de atividade e de emprego bastante positivos, de acordo com Parente, da WBJ. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu 3,2% no primeiro trimestre de 2019, acima das estimativas, e a taxa de desemprego em abril ficou em 3,9%, menor patamar em 17 anos. “A economia é cíclica e os dados estão na contramão das previsões do mercado que apostava na desaceleração. Já o presidente Trump acredita que a economia americana continuará crescendo até as eleições”, disse. O analista lembrou que, aqui, a cada trimestre, vemos uma reavaliação do crescimento do PIB brasileiro para baixo e várias empresas começam a apresentar deterioração nos balanços”, alertou.
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